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“Império da Dor”: autor que expôs crise dos opioides é consultor da série

Novo seriado da Netflix bebe da obra do jornalista americano que investigou as origens e desmembramentos da epidemia de opioides

Por Diogo Sponchiato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 Maio 2024, 22h50 - Publicado em 14 ago 2023, 09h09
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  • Um dos maiores problemas de saúde pública nos Estados Unidos – e um drama que começou a ser exportado para outras nações – é a epidemia de vício por opioides. Uma crise que começou no fim dos anos 1990 com a prescrição médica, baseada em mais marketing do que em pesquisa, de remédios potentes para tratar dores.

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    O que seria uma panaceia, porém, se transformou num caos, com uma situação ainda fora do controle. A dependência por opioides se instalou em milhares de lares e, assim que o governo americano começou a cercar a principal farmacêutica por trás da medicação receitada (a oxicodona), os pacientes-usuários tiveram que partir para as ruas em busca de traficantes e drogas alternativas.

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    Esse é um resumo de um fenômeno investigado pelo jornalista americano Patrick Radden Keefe no minucioso livro Império da Dor (Intrínseca). Agora, o tema ganha a cena na minissérie da Netflix, que estreou na última quinta-feira, 10.

    Império da Dor

    capa livro

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    Keefe é um dos consultores do seriado, que conta com atores estrelados, e narra a trajetória da família Sackler e da Purdue Pharma, os grandes responsáveis por abrir a caixa de Pandora da crise dos opioides em terra americana. Episódio que deixa lições dolorosas para todo o mundo.

    foto do autor
    (Foto: Intrínseca/Divulgação)

    Com a palavra, o autor.

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    Como avalia a crise dos opioides desde a publicação do livro?

    A epidemia dos opioides ainda está fora do controle, com mais de 100 mil pessoas morrendo de overdose no ano passado. Fico animado que agora há mais discussão sobre a responsabilização dos envolvidos e vários maus atores, incluindo a Purdue Pharma e a família Sackler, têm ajudado financeiramente a pagar pela crise que provocaram. Mas a situação é tão grave que por enquanto não desacelerou.

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    A demanda por fentanil, um potente anestésico de origem, é um novo capítulo dessa história ?

    A crise dos opioides tem três fases até agora. Começou com o OxyContin [Oxicodona] e outros analgésicos controlados. Depois mudou, com os usuários passando para a heroína. E depois mudou de novo, com a migração para o fentanil, que é ainda mais mortal. Hoje vivemos uma crise do fentanil, mas as raízes de tudo remontam ao OxyContin.

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    No livro, descrevo um grande estudo que descobriu que as regiões onde não houve um marketing tão agressivo de farmacêuticas como a Purdue apresentam, três décadas depois, taxas de overdose por heroína e fentanil significativamente mais baixas. O debate político nos EUA hoje devota muita atenção a soluções para a questão da oferta dessas drogas, haja vista que o fentanil cruza a fronteira pelo México ou vem da China.

    Mas a verdade é que temos também um problema de demanda interna. Enquanto houver americanos buscando e comprando essas drogas, o mercado encontrará uma forma de supri-los.

    Depois de ser tolhida pelo governo americano, a Purdue tentou exportar esse modelo a outros países?

    Quando as empresas do tabaco começaram a ver que a venda de cigarros caía nos EUA, uma vez que a população estava se conscientizando a respeito, mudaram o foco de seus esforços para os chamados mercados emergentes, países em que as pessoas não tinham tanta noção dos riscos. Os fabricantes de opioide seguiram a mesma estratégia.

    Quando a Purdue teve problemas nos EUA devido ao marketing agressivo, passou-se a olhar, por meio de um de seus braços para nações como Brasil, México, Índia e China. Os resultados foram mistos. Conseguiram desenvolver um mercado em alguns países, mas nada comparado ao dos EUA.

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