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Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein
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Trabalhar tem de ser uma atividade saudável para a mente

Estudos mostram o mal-estar dos trabalhadores. Cultura organizacional de apoio e transparência podem fazer a diferença

Por Claudio L. Lottenberg
9 jan 2024, 09h41

Quem procurar a página do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, verá um dado assustador no tópico “Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho”. Entre 2007 e 2022 houve 17.681 afastamentos por essa causa. Mais inquietante ainda: em 2007, houve 119 afastamentos, enquanto em 2022 foram 2.422 – um aumento de nada menos que 20 vezes. E esses são só os casos notificados no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), do Ministério da Saúde.

Só este dado já bastaria para mostrar, no mínimo, que trabalho e saúde mental têm uma relação conflitiva que requer bem mais atenção do que pode ter recebido nos últimos anos. Mas outro dado reforça essa percepção: levantamento recente da Zenklub (plataforma online de terapia) avaliou 13 setores entre janeiro e junho do ano passado e em nenhum atingiu-se o patamar mínimo de bem-estar emocional. Em alguns houve melhora, em outros piora, mas todos ficaram abaixo da nota de corte, por assim dizer.

São muitos já os artigos e reportagens publicados apontado o quanto a saúde mental tem se deteriorado no mundo do trabalho desde a pandemia de covid-19. Não que transtornos mentais no trabalho tenham surgido com a pandemia. Mas certamente há não poucas coisas a atribuir às radicais – e muitas vezes negativas – transformações trazidas por ela. Mais do que em qualquer momento antes, passamos a ouvir e falar (e infelizmente padecer) de síndrome de burnout: exaustão física, exaustão mental, distúrbios do sono, irritabilidade, conflitos no trabalho, situações abusivas, excesso de demandas (graças aos onipresentes aplicativos de trocas de mensagens), a lista não para aí.

E há um fator mais novo, correndo por fora, mas que apavora muita gente: o avanço da IA (inteligência artificial) generativa. Não há dados consolidados de grande abrangência à disposição, mas, por exemplo, a consultoria de liderança corporativa Forrester Research informou em relatório recente que só nos EUA a IA generativa feche 2,4 milhões de postos de trabalho até 2030. Medo de perder o emprego para a IA é uma preocupação de quatro em cada dez brasileiros, segundo outra pesquisa (Febraban/Ipespe).

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Caberia aqui então perguntar: a liderança nas empresas tem algum papel no que diz respeito à saúde mental dos colaboradores? Sim, se com isso se quiser dizer que a empresa pode entregar ao funcionário e mesmo às lideranças meios de fazer com que o local de trabalho não seja um espaço em que as pessoas se sintam agredidas, perseguidas ou injustiçadas.

Valorizar o respeito e a colaboração pode trazer muitos benefícios. Informar em tempo hábil os funcionários sobre eventuais mudanças, comunicar bem e claramente o que se espera, oferecer oportunidades também podem reduzir a ansiedade. Cargas de trabalho não excessivas também são uma estratégia eficiente: ajudam a evitar o estresse, o burnout e dão ao funcionário condições de ter tempo livre para se dedicarem inclusive ao aperfeiçoamento profissional, com cursos. Dar feedbacks e reconhecer o bom desempenho podem reforçar a autoestima dos colaboradores. E, uma das contribuições mais importantes: trabalhar na redução do estigma envolvido em procurar tratamento para questões de saúde mental: se o funcionário se sentir à vontade para iniciar uma terapia ou alguma outra forma de assistência, mais pessoas farão isso quando precisarem.

Estamos no chamado Janeiro Branco, uma campanha como outras que ocorrem ao longo do ano e associam meses a cores (como o Outubro Rosa, talvez a mais conhecida, contra o câncer de mama), para conscientizar as pessoas de que prestar atenção à saúde mental e emocional é uma necessidade humana incontornável. Foi instituída em 25 de abril do ano passado, pela lei no. 14.556. O início de cada ano é tempo de reflexão sobre o que estará à frente, como viveremos os próximos 365 dias (ou os 366 de 2024, que é ano bissexto). E promover a saúde mental no trabalho é certamente um plano que as lideranças se orgulhariam de cumprir.

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