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Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein
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Quantos anos você tem pela frente? Pergunte à sua retina

Novo estudo apresenta descoberta promissora para avaliar a idade biológica — e descobrir o risco que temos de morrer

Por Claudio Lottenberg
7 fev 2022, 20h07

Já faz algumas décadas que os cientistas sabem que a idade cronológica (aquela que consta do nosso RG) não corresponde, necessariamente, à idade biológica (aquela acusada pelo nosso corpo), e que isso tem consequências importantes para a longevidade.

Por exemplo: duas pessoas podem ter exatamente a mesma idade cronológica — 40 anos, por exemplo — mas o corpo de uma delas pode acusar uma idade biológica de 36 anos, e o da outra, 50. A segunda pessoa terá uma propensão maior a desenvolver problemas de saúde, e provavelmente morrerá primeiro.

A idade biológica é um dado mais individualizado — e portanto mais confiável — que um conjunto isolado de sintomas, e o ritmo do envelhecimento biológico pode ser um dos indicadores mais precisos para determinar o estado de saúde atual e futuro de alguém.

O problema é que o processo para calculá-lo sempre foi considerado caro, lento, invasivo e de alta complexidade, uma vez que os métodos existentes envolvem análise de amostras de tecidos, exames químicos e de imagem.

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No entanto, no futuro isso pode mudar. Um estudo publicado no dia 22 de janeiro no British Journal of Ophtalmology traz descobertas promissoras, que podem tornar a identificação da idade biológica mais acessível e permitir que ela seja replicada em larga escala. A chave para isso está na retina: a membrana de tecido nervoso localizada no fundo do olho, que contém células sensíveis à luz e uma rede de minúsculos vasos sanguíneos.

Os autores do estudo descobriram que a retina é um indicador confiável para determinar a idade biológica de alguém, e que a discrepância entre esse número e a idade cronológica pode acusar com precisão os riscos de saúde futuros — inclusive o de morrer.

Para isso, eles analisaram as imagens da retina de 47 mil adultos com idade entre 40 e 69 anos — extraídas a partir de um exame simples, como os que são feitos há anos nas clínicas oftalmológicas — usando técnicas de deep learning (ramificação da Inteligência Artificial que tem como objetivo fazer com que máquinas copiem o comportamento humano), e monitorou parte deles ao longo de um período de 11 anos.

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Mais da metade (51%) dos indivíduos estudados tinha uma retina ao menos três anos mais velha que a sua idade cronológica; 28% deles, ao menos cinco anos; e 5%, ao menos dez anos. Quanto maior a diferença entre a idade da retina e a idade cronológica, maior o risco de morrer, que chegava a ser 67% mais alto no grupo com a retina mais envelhecida. Além disso, cada ano de diferença entre a idade da retina e a cronológica correspondia a um aumento de até 3% no risco de morte.

Segundo os autores do estudo, determinar essa correlação é possível porque “a retina desempenha um papel importante no processo de envelhecimento, e é sensível aos danos cumulativos da velhice que aumentam o risco de mortalidade”. A retina seria uma janela privilegiada para avaliar a saúde do corpo, com informações sobre os riscos de doenças cardiovasculares, renais e neurológicas.

Os pesquisadores escreveram que, no futuro, um exame simples de retina poderá servir para monitorar a saúde integral das pessoas — o que poderia ser feito até mesmo por meio de smartphones, que incorporariam o algoritmo usado no estudo. Isso favoreceria a identificação precoce e possibilitaria a elaboração de um diagnóstico personalizado para cada paciente, talvez com anos de antecedência à manifestação de sintomas em outras partes do corpo. Caso se concretize, será um ganho tremendo para tratar a saúde de toda a população.

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