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Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein
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Primeiros sinais de Alzheimer podem aparecer nos olhos; entenda

Pesquisadores do Centro Médico Cedars-Sinai, nos EUA, encontram na retina marcadores da doença de Alzheimer – o que pode favorecer o diagnóstico precoce

Por Claudio Lottenberg
Atualizado em 11 abr 2023, 16h40 - Publicado em 11 abr 2023, 16h40

Todo livro didático sob o imenso guarda-chuva da biologia que trouxer uma definição de corpo humano dirá, com variantes estilísticas, que este é um organismo formado por sistemas. Estes, por sua vez, são conjuntos de órgãos – que são conjuntos de tecidos, que são conjuntos de células. Essa introdução exageradamente didática vem para dizer que tudo isso que há no corpo humano está interligado: mudanças em um ponto tendem a interferir com o equilíbrio do conjunto, e isso acaba sendo visível em alguma outra parte do corpo. E uma análise recente acerca da doença de Alzheimer reforça essa noção.

A análise em questão foi realizada por cientistas do Centro Médico Cedars-Sinai, nos EUA, e publicada no periódico científico especializado “Acta Neuropathologica”. O que a análise mostrou foi que o exame das retinas de pacientes com comprometimento cognitivo leve, comparadas às de pacientes de cognição normal revelou aumentos significativos em proteínas associadas a alterações cerebrais – que, segundo os pesquisadores, seriam indicações a doença de Alzheimer.

Não só isso: essas mudanças estariam entre os primeiros que indicariam a presença da Alzheimer. As descobertas feitas nessa análise seriam um avanço extraordinário no trabalho de diagnosticar a doença, para a qual não há um teste único, capaz de determinar se o paciente tem a doença ou não, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde referentes a 2021 mostram que, no Brasil, há aproximadamente 1,2 milhão de pessoas vivendo com alguma forma de demência e o número aumenta na ordem de 100 mil casos diagnosticados a cada ano. No mundo, a população com algum grau de comprometimento cognitivo chega a 50 milhões, e dados da Alzheimer’s Disease International, citados pelo ministério, apontam para 74,7 milhões em 2030 e 131,5 milhões em 2050, à medida em que a população global envelhece – a doença afeta principalmente a população acima de 65 anos de idade.

A doença de Alzheimer é neurodegenerativa, progressiva e, até o momento, sem cura. Nas fases mais leves, há esquecimentos constantes e tarefas antes rotineiras se tornam mais e mais difíceis. Nas formas mais graves o paciente perde praticamente toda autonomia, sendo necessário auxílio para atender até as necessidades mais básicas.

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Como escrevem os pesquisadores, os achados da pesquisa “fornecem uma compreensão nova e mais profunda da suscetibilidade da retina aos processos de doença de Alzheimer, incluindo anormalidades que podem ser detectadas nos estágios iniciais do comprometimento funcional”. A retina serviria, assim, como “um biomarcador confiável para detecção e monitoramento não-invasivo” da doença.

A possibilidade de se diagnosticar a doença de Alzheimer pelo exame dos olhos tem sido bastante explorada em pesquisas recentes. Em janeiro deste ano já havia sido divulgado um trabalho nesse sentido, mas que envolvia mais “hardware”, por assim dizer: pesquisadores sul-coreanos publicaram estudo no periódico científico “Bioactive Materials” em que mostraram como uma lente intraocular pode ajudar no diagnóstico precoce da doença. A lente em questão, por sua vez, foi desenvolvida no Korea Institute of Machinery and Materials (KIMM).

O corpo humano, como dito mais acima, é um sistema em fino equilíbrio. Qualquer desarranjo em alguma de suas partes tende a causar reflexos em alguma outra parte – e os olhos revelam muitas dessas situações. Pelo exame dos olhos se pode encontrar sinais de diabetes, tuberculose, câncer, dengue, zika, chikungunya, males neurológicos, a lista iria mais longe. Saber que o sofrimento da doença de Alzheimer pode revelar pelos nossos olhos sinais de seus primeiros estágios – permitindo-se, assim, que o tratamento comece cada vez mais cedo – é uma excelente notícia, e mostra o potencial do avanço da pesquisa científica – e do quanto investir nela pode ser recompensador.

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