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Claudio Lottenberg

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Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein
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Políticas de saúde têm de mirar o longo prazo

Cuidar da saúde depende de conscientização das pessoas, mas também de prevenção e políticas públicas

Por Claudio L. Lottenberg
10 ago 2022, 09h09

Vivemos dois anos intensos, para dizer o mínimo, do ponto de vista da saúde. Afinal, ainda estamos em meio a uma crise sanitária sem paralelo em pouco mais de um século. Esses dois anos serviram para consolidar a certeza de que políticas públicas de saúde têm de sair do papel para funcionar – e têm de ser políticas de Estado.

O último dia 5, Dia Nacional da Saúde, foi ocasião de se lembrar disso. A data foi escolhida como uma mais que justa homenagem ao médico Oswaldo Cruz – na última sexta-feira completaram-se 150 anos de seu nascimento (1872). A data foi estabelecida em 1967 como forma de conscientizar a população para a necessidade de cuidar da saúde.

O Brasil inclusive tem a ventura de poder destacar a importância dos cuidados com a saúde em duas ocasiões a cada ano – a outra é o dia 7 de abril, o Dia Mundial da Saúde (criado pela Organização Mundial da Saúde em 1948). As datas emblemáticas devem servir como marcos temporais para que nos lembremos de que o cuidado com a saúde envolve uma readequação de nosso hábitos. Estamos em tempos de conectividade permanente, de circulação quase instantânea da informação, de acesso a conhecimentos que antes eram restritos a apenas alguns círculos. Claro que o acompanhamento médico continuará a ser necessário, mas há diversas medidas que podemos adotar para preservar nossa saúde. Orientações sobre alimentação, sobre atividades físicas, horas de sono – tudo isso está ao nosso alcance buscar e implementar, e traz inúmeros benefícios e melhoria da qualidade de vida.

Mas, claro, ter uma vida saudável não é uma questão de simplesmente passar a viver de forma saudável. Vimos como são necessários investimentos em saúde pública, em hospitais, clínicas e unidades de atendimento de saúde. Em equipamentos, treinamento e formação de profissionais. Mesmo do setor industrial pra fornecer tais equipamentos e insumos básicos. Em tecnologia e em mais conectividade – ainda mais com a velocidade 5G de conexão à internet em seus primeiros passos no Brasil.

Sem que a pandemia de Covid-19 tenha acabado, já nos vemos tendo de lidar com uma emergência global causada pela varíola dos macacos. Os casos aumentam em diversos países e no Brasil já foi causa de ao menos um óbito. Em decorrência do desarranjo causado pela pandemia, aumentaram ou se agravaram os casos de diversas outras doenças, como diabetes, cardiopatias e mesmo transtornos mentais, como ansiedade, estresse e depressão.

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Políticas públicas não podem lidar apenas com a reação aos problemas, mas com prevenção. Campanhas de conscientização e vacinação, mesmo investimentos em saneamento básico têm de ser pensados no contexto da saúde – nem teria de ser o caso lembrar que dispor de água limpa e esgotamento sanitário são pedras fundamentais da boa saúde.

Já temos o SUS (Sistema Único de Saúde), o maior sistema de saúde pública do mundo. É preciso que se invista em reforço e capacidade desse sistema – e a telessaúde pode ser uma grande ferramenta para isso. Acompanhamento remoto, teleconsultas, monitoramento de dados, muito poderá ser feito com a ampliação da capacidade tecnológica do setor de saúde no Brasil.

Mas tais políticas precisam vir para ficar. Claro, revisões e atualizações, ainda mais com a tecnologia cada vez mais integrada ao cuidado com a saúde, sempre serão necessárias. As bases, no entanto, têm de ser pensadas para o longo prazo. É preciso que o Estado brasileiro ofereça condições para que a saúde pública – e para que o setor privado também – possam proporcionar atendimento e serviços de qualidade a todos.

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