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Claudio Lottenberg Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein
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Covid longa exigirá pesquisa, investimento e capacidade das redes de saúde

Existem registros de casos em que sintomas persistem por até um ano

Por Claudio Lottenberg
21 mar 2022, 19h52
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  • Já existe atualmente no Brasil um certo clima de “pós-covid”, em razão dos avanços expressivos na vacinação (mais de 74% dos brasileiros já tomaram duas doses e mais de 33%, a dose de reforço), do fim da obrigatoriedade das máscaras em várias cidades, e das reduções nos números de novos casos de Covid-19 e óbitos pela doença. Mas, dois anos após o início da pandemia, ainda há muito por entender em relação aos infectados.

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    Sabe-se que entre os sintomas que persistem nas pessoas recuperadas (o que é conhecido por Covid longa) estão fadiga crônica, lentidão para raciocinar, falhas de memória e sensação de cansaço extremo; incapacitante. Explicação exata para alguns deles ainda não há, mas diversas pesquisas indicam que se trata de reação do próprio corpo contra a doença, o que faria disparar processos inflamatórios. Isso poderia estar na raiz, por exemplo, da fadiga, da perda de memória e da anosmia (perda do olfato). Já existem registros de casos em que alguns persistiram por mais de seis meses, e mesmo quase um ano.

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    No Reino Unido, estudo da Universidade de Cambridge mostrou que 78% dos entrevistados afirmaram ter sentido problemas de concentração; 69%, confusão mental; e 68%, problemas de memória. Além disso, 86% dos participantes indicaram que o problema cognitivo que sentiram afetou em alguma medida sua capacidade de trabalhar – com quase 30% relatando ser “severamente incapaz de trabalhar” e apenas 27% conseguindo trabalhar o mesmo número de horas que conseguiam antes de ter contraído a doença. Tais números, afirmam os pesquisadores, mostram que a prevalência da Covid longa “têm o potencial de consequências a longo prazo não apenas para os indivíduos, mas também para a economia e a sociedade em geral”.

    Há ainda o caso dos pacientes com doenças cardíacas – desde o início, um dos principais grupos de risco. Um estudo publicado neste mês pelo periódico Nature Medicine verificou que, ao longo do ano seguinte à infecção pelo coronavírus, o risco de desenvolver uma doença cardiovascular aumentou mesmo nos pacientes que desenvolveram casos leves da Covid-19. O estudo foi feito com 153 mil veteranos dos EUA.

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    Mas os sintomas prolongados vão além das questões físicas: há pessoas que desenvolvem quadros depressivos, de ansiedade ou de outras sequelas mentais . Outro estudo, publicado no site da revista especializada The Lancet, mostrou que em pacientes acompanhados por até 16 meses os quadros de depressão aumentaram 18% e os de transtorno de sono, 13%. Além disso, naqueles que ficaram de cama por mais de sete dias, os riscos de desenvolver sintomas de depressão cresceram 61% – o estudo foi liberado pela Universidade da Islândia e envolveu quase 250 mil indivíduos, de seis países.

    Ainda que o cenário para o “mundo pós-Covid” (que inclui o agravante da Guerra na Ucrânia) seja de uma recuperação gradativa da atividade econômica global, mais liberdade em deslocamentos do dia a dia e nas viagens internacionais – da volta, enfim, de alguma normalidade – mudanças serão necessárias. O comportamento de todos terá de se adaptar para conviver com um vírus difícil de combater e que poderá sofrer mutações ainda.

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    A China registrou no sábado (19) a primeira morte por Covid deste ano, enquanto na Europa, diversos países registraram aumentos de casos. Apesar do relaxamento dos protocolos de segurança, não podemos esquecer de que a pandemia não acabou. Assim como aconteceu com a Covid em geral, conviver com sua versão longa exigirá investimentos em pesquisa e capacidade de atendimento dos sistemas de saúde público e privado.

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