O ano mal começou. Mas, quando o assunto é a pauta legislativa, parece mesmo já ter terminado. Nas conversas reservadas, nenhum líder no Congresso se arrisca a dar como certa a aprovação de algum projeto relevante antes que a campanha eleitoral domine as discussões. E o discurso feito ontem pelo presidente Jair Bolsonaro na abertura dos trabalhos do Legislativo é a mais clara expressão disso.
Depois de enumerar projetos já aprovados, Bolsonaro elencou três propostas que gostaria de ver aprovadas: Marco Legal das Garantias, portabilidade da conta de luz e reforma tributária. O primeiro ainda tem que passar por comissões. O segundo consta de vários projetos em tramitação. E a última já é difícil de aprovar em início de mandato. Imagine em ano de eleição.
O discurso de Bolsonaro serviu mesmo para transformar o Congresso em palanque eleitoral. Nada foi mais forte no discurso do que os recados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, isolado na liderança das pesquisas. Sem citar nominalmente o rival, Bolsonaro atacou sobre a reivindicação histórica do PT de regulação dos meios de comunicação, e sobre as recentes críticas partido à reforma trabalhista aprovada sob Michel Temer.
“Os senhores nunca me verão vir aqui nesse Parlamento pedir para regulação da mídia e da internet. Eu espero que isso não seja regulamentado por qualquer outro poder. A nossa liberdade acima de tudo. Também nunca virei aqui para anular a reforma trabalhista aprovada por este Congresso.”
Aproveitando que ganhou alguns aplausos da primeira vez, Bolsonaro reforçou: “Me sinto hoje parlamentar. Não deixaremos, quem quer que seja, independentemente de quem for, ouse regular a mídia. A nossa liberdade e a nossa liberdade de imprensa não podem ser arrancadas”.
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