O presidente Jair Bolsonaro chegou ao tão aguardado 7 de Setembro distante do que imaginaram lá atrás seus mais fiéis aliados. Era para ser o palco perfeito para comemorar uma disparada nas pesquisas. A essa altura, ele teria assumido a liderança da corrida ao Palácio do Planalto, puxado por medidas como o Auxílio Brasil de R$ 600 e a redução do preço dos combustíveis. As previsões falharam. E, em vez disso, Bolsonaro subirá no palanque no Dia da Independência com a missão de dar uma demonstração de força.
O sucesso da estratégia depende de um equilíbrio arriscado. Há semanas, integrantes da chamada “ala moderada” da campanha pedem ao presidente que amenize o discurso. Defendem que é preciso ir além dos convertidos e ganhar setores estratégicos do eleitorado. Principalmente, os mais pobres. E as mulheres. Se exagerar, avisam, Bolsonaro corre o risco de ver sua rejeição aumentar. O que dificultaria ainda mais a missão de virar o jogo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva num eventual segundo turno.
Mas, tratando-se de Bolsonaro, ninguém se arrisca a garantir qual será o tom. O que se sabe é que ele aproveitou os dias que antecederam o feriado para, ao menos, alisar um pouco sua base mais fiel. Essa turma pôde ver o presidente disparar novamente contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Alexandre de Moraes foi chamado de “vagabundo”. Luiz Edson Fachin foi citado como quem torna elegível um “bandido corrupto” e que vai ter sua “canetada” sobre o uso armas derrubada uma semana depois da eleição.
Para a alegria dessa torcida, teve até ataque pessoal a jornalista. Bolsonaro disparou contra Amanda Klein durante a sabatina promovida pela Jovem Pan News. Irritado com uma pergunta sobre a compra de imóveis em dinheiro por seus familiares, trouxe a família da jornalista para a discussão. A provocação veio em uma menção ao marido de Amanda, o empresário Paulo Ribeiro de Barros, com quem tem um filho de três anos. “Oh, Amanda você é casada com uma pessoa que vota em mim. Não sei como é sua vida com ele, mas eu não tenho nada a ver com isso”, disse Bolsonaro.
Talvez, os ataques sejam um prenúncio do que vem pela frente. Ou talvez sejam apenas uma vacina, para que Bolsonaro possa seguir o conselho de seus auxiliares e adotar um tom mais ameno nas manifestações. A dúvida é se isso tudo será suficiente para, como espera a campanha bolsonarista, mexer no jogo presidencial. Se depender das previsões feitas pelos adversários, o mais provável é que Bolsonaro venha com fogo pesado.