Jair Bolsonaro definitivamente não está no seu melhor momento. O presidente perdeu popularidade, assistiu a uma deterioração de inúmeros indicadores econômicos e virou alvo de críticas dentro e fora do Brasil pela forma como conduziu a pandemia do coronavírus. O cenário é difícil e, em tese, deveria ser motivo de comemoração para o PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas os números das últimas pesquisas deixam claro o tamanho do capital político que ainda resta ao presidente. E o campo adversário sabe que esse capital não é em nada desprezível.
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Os dados da última pesquisa CNT/MDA, divulgados ontem, mostraram uma pequena recuperação das intenções de voto em Bolsonaro. O crescimento se deu fora da margem de erro. O presidente passou de 25,6% na pesquisa anterior para 28%. Houve ainda um estreitamento da diferença entre Lula e Bolsonaro. O intervalo entre os dois caiu de 17,2 pontos para 14,2. Essa tendência já aparecia em outra pesquisa realizada nos últimos dias, pelo PoderData.
Os números acedem um alerta na campanha de Lula. O PT entende que uma das chaves para o sucesso na corrida presidencial é garantir que Bolsonaro se mantenha no que eles chamam de “patamar ideal”. O partido de Lula não quer que o presidente caia rápido demais – chegou a se preocupar com isso nos últimos meses, porque entende que é preciso preservar o cenário de polarização. Mas a avaliação dos petistas é que a prioridade, agora, deve ser evitar que Bolsonaro se recupere de fato.
Ao menos dois fatores podem interferir de maneira significativa nesse quadro e contribuir para restaurar em parte o capital político de Bolsonaro. O primeiro é que, ao que tudo indica, só agora as pesquisas começaram a refletir a concessão do Auxílio Brasil com valor de R$ 400, substituto turbinado do Bolsa Família de Lula. Essa, inclusive, é uma das maiores apostas do time bolsonarista para a eleição deste ano.
Outro ponto de atenção diz respeito à economia. A última pesquisa CNT mostrou um certo otimismo do eleitor em relação a uma possível retomada de indicadores nessa área. Crescimento, emprego, estabilidade, tudo isso interfere no humor do eleitor e na sua postura diante da urna. Se a economia melhorar, Bolsonaro pode se beneficiar e recuperar parte da avaliação positiva do governo.
O PT também sabe bem que ainda tem muito para acontecer na disputa pelo Palácio do Planalto. Bolsonaro tem o controle da máquina pública e, com isso, vem o poder de mostrar realizações do governo e adotar medidas capazes de interferir no ânimo dos eleitores. Um exemplo disso é a promessa de um reajuste salarial para policiais, que são parte da base mais fiel do presidente. Mas esse é só um exemplo. Afinal, a campanha ainda nem começou.
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