Três tendências para 2015 que transformarão apartamentos, restaurantes e escritórios
A globalização e a tecnologia têm ditado a maneira como as cidades se desenvolvem neste século 21. Além de cheias, as metrópoles estão cada vez mais integradas e aceleradas, e isso está transformando a maneira como usamos os espaços e executamos tarefas cotidianas. Um levantamento feito pela revista FastCompany com urbanistas, arquitetos e designers identificou as principais mudanças em curso capazes de definir […]
A globalização e a tecnologia têm ditado a maneira como as cidades se desenvolvem neste século 21. Além de cheias, as metrópoles estão cada vez mais integradas e aceleradas, e isso está transformando a maneira como usamos os espaços e executamos tarefas cotidianas. Um levantamento feito pela revista FastCompany com urbanistas, arquitetos e designers identificou as principais mudanças em curso capazes de definir como serão as cidades do futuro. Essas tendências devem marcar presença já neste ano e influenciar o desenvolvimento urbano da próxima década. Conheça algumas delas:
1. Áreas compartilhadas
Com o aumento do preço dos imóveis e a escassez de terrenos bem localizados para novos empreendimentos, uma solução são as unidades com área privativa bem pequena combinadas a áreas comuns generosas. A multiplicação de academias e brinquedotecas nos edifícios residenciais já é um indício disso. Outras facilidades começam a aparecer em lançamentos brasileiros que oferecem, por exemplo, lavanderia compartilhada equipada com lavadora e secadora. Ou então escritórios para uso dos condôminos, como espaços de coworking dentro dos edifícios. O arquiteto Isay Weinfeld incluiu tanto a lavanderia coletiva como o coworking no edifício 360º, que em 2013 venceu duas categorias do Prêmio Future Projects, da revista inglesa Architectural Review nas categorias residencial e a geral, desbancando 300 concorrentes.
Neste ano, tendência de compartilhamento deve se acentuar ainda mais. Em breve, devemos assistir a projetos de unidades com apenas quarto e banheiro individuais e sala e cozinha coletivas. O público alvo são jovens e solteiros com pouca disposição para gastar com moradia e disposição de sobra para conviver com desconhecidos (e logo convertê-los em conhecidos). A fórmula já foi posta em prática em Seul, na Coreia do Sul, onde o edifício Songpa Micro-Housing funciona como centro cultural e moradia estudantil: cada cubículo pode ser transformado em suíte, escritório ou área de exposição. A novidade é a tipologia criada pelo escritório SSD, de módulos integráveis, o que também permite acomodar famílias (um casal ocupa o quinto andar, com duas unidades conectadas) e até compor pequenas galerias de arte.
Microapartamentos já se tornaram uma realidade também nas metrópoles brasileiras. O menor deles fica no bairro do Campo Belo, em São Paulo, e mede 14 metros quadrados — um pouco maior do que o de um veículo Range Rover. Com este perfil compacto em alta, as áreas comuns e semi-comuns (destinadas a um pequeno grupo de moradores) ganham cada vez mais importância e novas funções.
2. Restaurantes com cara de sala
Um efeito colateral da redução de tamanho dos apartamentos pode ser percebida nos restaurantes, que assumem a função de sala de jantar ou de estar. Afinal, onde mais receber amigos para um papo sem pressa e deixar todo mundo espremido? Esses locais também têm de ser aconchegantes e, de preferência, oferecer salas independentes para os clientes em busca de privacidade ou de realizar pequenos eventos. A rede Starbucks apostou com tamanha eficiência na criação de ambientes confortáveis e despojados que o café virou coadjuvante. Poltronas estofadas, conexão Wi-Fi e uma quietude rara na cidade permitem aos frequentadores usarem o local tanto para reuniões de trabalho como para relaxar (alguns chegam a cochilar sem ser incomodados). É o ambiente, e não os bolinhos e cappuccinos, que explicam o sucesso da rede no Brasil.
3. Escritórios tranquilos e integrados
Nada de baias nem de PCs. Computadores portáteis e conexão Wi-Fi permitem que os espaços de trabalho virem lounges. No Vale do Silício, empresas de tecnologia levaram o conceito ao extremo, com mesas de pingue-pongue e redes de descanso para os funcionários. Mas esse modelo da integração total se desgastou a tal ponto que algumas empresas têm implantado exatamente o oposto: mini salas para quem prefere trabalhar isolado e concentrado (leia mais neste post). Agora, o equilíbrio parece ter sido encontrado no meio termo: lounges com sofás e poltronas que facilitem os encontros, mas permitam também a cada um trabalhar na sua sem ser incomodado pelo barulho alheio. Com isso, os escritórios se mostram vantajosos em relação ao home office, que, dependendo da casa, pode até garantir o silêncio, mas dificulta a troca de ideias. Combinar concentração e colaboração é o destino dos novos escritórios.
Por Mariana Barros
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