Foi lançada nessa semana, em esquema de soft opening, a Associção Latino Americana de Cânhamo Industrial (LAIHA, na sigla em inglês). Segundo o site da entidade, seu objetivo é fomentar a adoção de políticas capazes alavancar a sustentabilidade da planta do cânhamo, criando uma economia de valor agregado com base em pesquisas científicas. A ideia me parece bastante oportuna diante do potencial da região para incluir mais esse promissor produto agrícola em sua pauta de exportações. Segundo relatório da ReportLinker, o mercado global de cânhamo industrial deve movimentar 26,6 bilhões de dólares em 2025, contra os 4,6 bilhões de 2019, com um crescimento anual composto (CAGR) de 34% no período.
A iniciativa nasceu a partir dos contatos do agrônomo brasileiro Lorenzo Rolim, que atua há alguns anos no segmento, com a entidade que representa a indústria do cânhamo na Europa (EIHA – European Industrial Hemp Association). Após alinhamento com profissionais da Colômbia, Paraguai e Uruguai, surgiu a ideia de criar uma entidade análoga na América Latina. “A Associação Latino Americana de Cânhamo Industrial (LAIHA) foi criada para ser a voz unificada da indústria na região, a fim de promover as atividades relacionadas e potencializar os benefícios trazidos pelo cultivo do cânhamo. Nossos objetivos são auxiliar os governos locais a criar regulamentações sensíveis as atividades da indústria e que promovam a cooperação entre os países da região. Além disso vamos conectar o cânhamo industrial a vários outros setores que são potências na região, como o agronegócio, a indústria de papel e celulose, a indústria têxtil, biocombustíveis e muito mais”, afirmou Rolim, agora presidente da LAIHA.
Convidado para integrar a comissão da saúde da associação, o neurocientista e farmacologista brasileiro Fabricio Pamplona, está entusiasmado com a oportunidade. “A criação de uma associação do cânhamo na América Latina é um passo importante para o reconhecimento dos benefícios que essa cultura pode trazer ao nosso continente. Em muitos lugares o cânhamo nem sequer foi proibido. Por aqui, há agora um enorme trabalho de reconstrução a ser feito, enfatizando o impacto tanto para o agronegócio quanto em relação aos benefícios dessa planta como alimento e como origem de substâncias terapêuticas”, afirmou ao Cannabiz. Nos Estados Unidos, por exemplo, essa variedade não-psicoativa da cannabis foi totalmente legalizada no âmbito da nova Farm Bill, legislação agrícola aprovada 2018. Entre as principais aplicações do cânhamo estão a obtenção de fibras têxteis, fabricação de materiais para a construção civil, biocombustíveis e, claro, medicamentos à base de canabidiol (CBD). Atualmente, a China é a maior produtora global da erva.
Para iniciar seus trabalhos, a LAIHA escolheu seis prioridades: unir a cadeia de fornecimento do cânhamo industrial na América Latina; promover a adoção de altos padrões de qualidade na indústria; apoiar pesquisas científicas para o processamento do cânhamo; auxiliar no desenvolvimento de regulamentações adequadas; estimular o empreendedorismo no setor; e estabelecer parcerias de longo prazo ao redor do mundo. Este Cannabiz espera que a ideia prospere e ajude no crescimento de uma indústria que seja capaz de contribuir com a geração de riquezas e criação de empregos em toda a região e, particularmente, no Brasil.