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Caçador de Mitos Por Leandro Narloch Uma visão politicamente incorreta da história, ciência e economia
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Mulheres e salários: dois ou três esclarecimentos

Peço desculpas aos leitores que se irritaram com o texto do dia 29 – e esclareço minhas afirmações

Por Leandro Narloch
Atualizado em 31 jul 2020, 00h22 - Publicado em 7 out 2015, 01h12
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  • Minha vida de palpiteiro é cheia de altas emoções, como diz a propaganda da Sessão da Tarde. Há duas semanas critiquei o Bolsonaro – e atraí a fúria de fãs do deputado, que deixaram mais de 200 comentários desfavoráveis na coluna da Veja. Nesta semana, fui alvo de leitores à esquerda. Me chamaram de machista e misógino por ter dito que a maior parte da diferença entre salários de homens e mulheres se deve a diferenças de perfil e de escolhas profissionais, e não ao preconceito das empresas.

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    Confesso que parte da culpa é minha. O primeiro título do artigo, “Ganhar o mesmo que os homens é realmente vantajoso para as mulheres?”, não atrai a benevolência dos leitores. Em tempos de internet, quando lemos rapidamente e às vezes só o título, eu deveria procurar evitar mal-entendidos. Isso é ainda mais verdadeiro em se tratando de um assunto que provoca tantas paixões. Por isso achei necessário esclarecer o que vem a seguir.

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    Como diz o último parágrafo do texto, “as mulheres têm todo o direito de exigir um salário igual ao de homens no mesmo cargo e com a mesma experiência e carga horária”. Ninguém aqui está defendendo que as mulheres ganhem menos que os homens ou que devam ser impedidas de conquistar o trabalho que desejarem.

    Meu ponto é que a estatística segundo a qual “as mulheres ganham 30% menos” compara a renda média de todos os trabalhadores homens com a renda das mulheres. Não significa que as elas ganham 30% menos para desempenhar as mesmas tarefas que eles.

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    A maior parte da diferença de salários se explica pelas escolhas profissionais, carga horária, experiência média do trabalhador e tipo de trabalho (os homens ficam com a maior parte das vagas insalubres e perigosas, entre outras preferências). Para diminuir essa diferença, seria necessário forçar as mulheres a fazem escolhas que elas não necessariamente preferem.

    Não há nessa afirmação nenhuma novidade. É algo que há 30 anos vem sendo repetido por muitas pessoas, entre elas pesquisadoras internacionais, pesquisas brasileiras, feministas sérias, institutos de divulgação econômica e por autores dos livros didáticos mais usados nas faculdades de economia, como o professor Gregory Mankiw (“Princípios de Micro e Macroeconomia”, editora Campus) e os economistas Robert Smith e Ronald Ehrenberg (“Modern Labor Economics”, Pearson, 2009, capítulo 12).

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    Um fato interessante é que essa má notícia (a desigualdade salarial) é causada, em grande parte, por uma boa notícia – a própria emancipação feminina. Como as mulheres ingressaram há pouco tempo no mercado de trabalho, têm em média menor experiência, o que vale menos no mercado. Esse efeito deve se atenuar no futuro, à medida que o número de profissionais mulheres se estabilize.

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    É verdade que uma das causas dessas diferenças é a discriminação. Muitas mulheres crescem escutando que o lugar delas é na cozinha ou cuidando dos filhos. Mas se trata, então, de uma discriminação social, e não do mercado. Se as mulheres realmente ganhassem menos para desempenhar as mesmas tarefas, as empresas, que prezam o lucro, só contratariam mulheres. Mas os homens são 56% da força de trabalho no Brasil.

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    Peço desculpas a quem se ofendeu com o texto e a quem já está cansado de ler os argumentos acima. O debate já tem certa idade, mas ainda deve durar muito mais.

    @lnarloch

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