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Caçador de Mitos Por Leandro Narloch Uma visão politicamente incorreta da história, ciência e economia
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Liberdade aos cambistas nas Olimpíadas

Perseguir os cambistas só serve para gastar o tempo da polícia e causar confusão. Pior: a repressão aumenta o lucro dos intermediários que continuam no mercado

Por Leandro Narloch
Atualizado em 30 jul 2020, 22h05 - Publicado em 16 ago 2016, 14h20
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  • A polícia do Rio de Janeiro já apreendeu 12 mil ingressos e prendeu quarenta suspeitos por atuar como cambistas durante as Olimpíadas. A atividade é crime no Brasil e o Comitê Olímpico proíbe a revenda de ingressos acima do valor de compra.

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    É um erro proibir esse mercado. Os cambistas ajudariam a encher os eventos da Rio 2016, que está sendo chamada por jornais estrangeiros de “Olimpíada fantasma” por causa dos estádios e arenas vazios mesmo em eventos disputados.

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    Cambistas são intermediários que ajudam a conectar quem está doido para ver uma partida e quem prefere embolsar o dinheiro e ver o jogo pela TV. Sem eles, o mercado de revenda de ingressos não funciona tão bem. Vendedores não conseguem encontrar possíveis compradores e acabam desperdiçando as entradas.

    Esse raciocínio não é parte de nenhuma teoria econômica radical. Está lá no Gregory Mankiw, autor do livro didático mais usado nas faculdades de economia. “Ao cobrar o maior preço que o mercado aceita, os cambistas ajudam a assegurar que os consumidores com a maior disposição para pagar obtenham o bem”, diz o professor.

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    Dá para entender o ressentimento com os cambistas. O sujeito vai a Copacabana crente que vai pagar cinquenta reais pelo ingresso do vôlei de praia. Chega lá e fica sabendo que os ingressos estão esgotados. A única opção é aceitar a oferta quatro vezes maior dos sujeitos ali na frente. Baita sacanagem. Extorsão pura.

    Mas veja por outro lado. O ingresso do jogo na verdade não custava cinquenta reais. Esse preço era uma fantasia criada pelo comitê olímpico e por políticos, que ganharam votos prometendo ingressos baratos para todos. Mas o que define o preço é a oferta e procura, não a vontade de um planejador social benevolente.

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    O culpado pelo preço alto não é o cambista, mas as pessoas com o mesmo desejo em adquirir um bem. O cambista, como qualquer agente do mercado, não tem poder sobre o preço. Assim como especuladores financeiros que apostam errado, os cambistas com frequência têm prejuízo. Compram lotes e mais lotes de ingressos, descobrem que a demanda para o evento não é tão alta e são obrigados a vender abaixo do preço de compra.

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    Nesse caso há um benefício muito parecido ao dos especuladores financeiros. Ao comprar lotes de ingressos, os cambistas assumem o risco pelo produtor de evento e garantem que a atração não seja cancelada por baixa de procura.

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    Perseguir os cambistas só serve para gastar o tempo da polícia e causar confusão. Pior: a repressão aumenta o lucro dos cambistas que continuam no mercado. Por causa da perseguição, menos pessoas se dispõem ao negócio. Os poucos que sobram têm menor concorrência, portanto podem aumentar a taxa de lucro.

    O Comitê Olímpico evitaria facilmente o cambismo se vendesse ingressos com preços variáveis. É o que fazem as companhias aéreas. Nos sites de venda de passagens, o cambista é um algoritmo que ajusta o preço conforme a demanda.

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    @lnarloch

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