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Um documentário do MST que canoniza Hugo Chávez começou a circular na internet

Se falta terra, sobra dinheiro à organização paramilitar que, embora não exista oficialmente, é contemplada com verbas do governo federal, financiamentos do BNDES e gordos adjutórios do Clube dos Comparsas Bolivarianos. Livre de aflições financeiras, o MST mantém aquartelados nas barracas de lona promovidas a quartéis os combatentes do que Lula batizou de “exército do […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 01h57 - Publicado em 6 mar 2015, 18h24
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    Se falta terra, sobra dinheiro à organização paramilitar que, embora não exista oficialmente, é contemplada com verbas do governo federal, financiamentos do BNDES e gordos adjutórios do Clube dos Comparsas Bolivarianos. Livre de aflições financeiras, o MST mantém aquartelados nas barracas de lona promovidas a quartéis os combatentes do que Lula batizou de “exército do Stédile”. A fartura é tanta que a sigla agora produz documentários concebidos para canonizar liberticidas e estimular conspirações contra o estado democrático de direito.

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    A obra mais recente circula na internet desde quarta-feira, 4 de março. “Chávez vive no coração do Brasil”, derrapa na pieguice barata o título da fraude que se estende por 16min36. “Hugo Chávez alimentou de novo, em nossos corações, o sentimento de união dos povos do nosso continente. Nossa pátria grande”, festeja no primeiro minuto a voz da narradora. Com uma discurseira em espanhol degenerado, capaz de induzir o argentino Francisco a esquecer que é Papa e partir para a ignorância, João Pedro Stédile abre o desfile das estrelas que se alternam na tela do início ao fim da vigarice audiovisual.

    Ressuscitado por vídeos que o mostram tapeando platéias de comício ou convivas de quermesse,  o bolívar-de-hospício contracena com os parceiros de embuste. Na aparição inaugural, Lula parece pouco imaginoso: “O companheiro Chávez, na nossa América Latina, é de uma importância histórica extraordinária”, recita. Aos 5min48, os espectadores são reapresentados ao numerito que fez bastante sucesso no Fórum Social Mundial de 2009, realizado em Porto Alegre:.

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    Em conjunto, o inventor de um país sem papel higiênico, o reprodutor de batina Fernando Lugo, cuja única façanha foi aumentar o rebanho católico do Paraguai, e Rafael Corrêa, o maior canastrão mexicano do Equador, trucidam a letra e a música de “Comandante Che Guevara”. Segue-se um voo de volta ao século 19 tripulado por Paola Estrada, porta-voz da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba). A oradora capricha no falatório sem pé nem cabeça: “Nessa articulação de construir a articulação dos movimentos sociais da Alba”, derrapa já na decolagem.

    O pouso é ainda mais perturbador: “E tentar impulsionar a partir desse processo pra além de ações do que a gente está acostumado de ter ações de solidariedade com este ou aquele país, mas de tentar construir processos de luta continentais contra o inimigo comum. Enfrentar o imperialismo”. Entra em cena o teólogo Marcelo Barros, um poço de certezas atormentado por uma dúvida só: em qual idioma deve manifestar-se? A pergunta continua à espera de resposta.

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    “Outra ação muito importante do presidente é esse apelo a uma radicalização da democracia, del democrácia”, vacila Barros. “Una democrácia que pela constituição bolivariana é parlamentar, mas é também participativa”, continua a promiscuidade linguística. “E outra é a esperança del socialismo. El hecho nu aún construído, nu aún realizado totalmente, pero en caminho. Que el socialismo és le hecho mais humano, mais espiritual do que o capitalismo”.

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    Lula de novo: “A Venezuela é um país muito parecido com o Brasil, tem um povo muito parecido com o Brasil e a Venezuela tem uma fronteira muito grande com o Brasil e, portanto, o Brasil teria que ter na Venezuela uma parceria estratégica grande. E muitas vezes a direita brasileira, os conservadores não acreditavam. Eles só sabiam ser contra o Chávez ideologicamente, mas não percebia o homem humano que estava dentro do Chávez”. Cabe a Stédile o fecho glorioso. “Chávez, que passou como um furacão na Venezuela, nesse curto espaço de vida pública nos deixou um legado que não é só para minha generação, é um legado histórico que atravessará as próximas generações e marcará o futuro da América Latina”.

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    Stédile aposta todas as fichas na herança do comandante que virou passarinho. Lula declarou guerra à honestidade e luta pela salvação dos quadrilheiros por acreditar no poder de fogo do “exército do Stédile”. Se esperam mesmo a chegada da cavalaria bolivariana, o palanque ambulante e o camponês que ignora a diferença entre oncinha e ancinho devem esperar sentados. Devastada pela era chavista, a Venezuela tenta sobreviver a Nicolás Maduro. Também por isso, o que deveria ser um documentário é apenas mais um faroeste cucaracha em que o bandido se disfarça de mocinho.

    Merece mais que os apupos da plateia. Merece uma investigação da Polícia Federal: de onde veio o dinheiro enterrado nesse besteirol bolivariano? Não custa solicitar ao Ministério Público que devasse as contas do MST. Parece uma sigla. É um acintoso caso de polícia.

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