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São Paulo ganha guia cultural para pessoas com deficiência

JÚLIA RODRIGUES São Paulo transformou-se nesta semana na primeira cidade brasileira provida de um Guia Online de Acessibilidade Cultural. Concebido pelo Instituto Mara Gabrilli (IMG), em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado, trata-se de um site com informações sobre 186 locais ─ casas de show, museus, teatros, cinemas e bares preparados para receber qualquer […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 08h47 - Publicado em 23 Maio 2012, 20h59

JÚLIA RODRIGUES

São Paulo transformou-se nesta semana na primeira cidade brasileira provida de um Guia Online de Acessibilidade Cultural. Concebido pelo Instituto Mara Gabrilli (IMG), em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado, trata-se de um site com informações sobre 186 locais ─ casas de show, museus, teatros, cinemas e bares preparados para receber qualquer tipo de público. As informações foram colhidas entre janeiro e março de 2011.

Desde o acidente automobilístico que lhe quebrou o pescoço, deixou-a sem fala e respirando por aparelhos durante cinco meses, a deputada federal Mara Gabrilli se destaca na defesa dos direitos dos 46,5 milhões de brasileiros acometidos por algum tipo de deficiência. Ex-vereadora e ex-secretária municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Paulo, Mara Gabrilli comemora o novo projeto. “Esse trabalho não é dedicado apenas às pessoas com deficiência”, explica a deputada. “É importante para qualquer um que tenha mobilidade reduzida ou algum tipo de dificuldade, inclusive idosos, gestantes e até pessoas com pés engessados”.

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Tetraplégica há 17 anos, Mara Gabrilli tem o sorriso fácil de quem se dá bem com a vida. “Qualquer um pode ser feliz”, garante a publicitária e psicóloga que resolveu dedicar-se à política para reduzir os tormentos impostos a pessoas com deficiência pela incompetência dos administradores dos centros urbanos. “Deficientes são as cidades, que não estão prontas para nos receber”, resume.

Esta certeza inspirou a criação do guia de acessibilidade cultural, que Mara considera muito mais que uma lista de endereços úteis. “O projeto pioneiro é uma vitória que vai além do acesso à cultura”, observa. “Quando uma pessoa com deficiência pensa em se divertir, fica evidente que ela está bem de saúde, que venceu dezenas de outras barreiras”.

O guia permite aos internautas adicionar outros locais já adaptados ou comentar experiências vividas em um bar ou museu indicado na página, por exemplo.

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A Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Paulo foi a primeira a surgir no país ─ hoje já passam de cem. Autora de diversos projetos, Mara parece especialmente animada ao comentar o que reserva às pessoas com deficiência 3% das moradias do programa Minha Casa, Minha Vida e lhes garante prioridade na fila de espera. “Essas pessoas têm que ser recompensadas por todo o descaso que enfrentam”.

Não escapa desses sinais de descaso sequer a sede do Poder Legislativo. Eleita deputada federal em 2010, Mara descobriu antes da posse que o Congresso não está preparado para receber deficientes físicos. O impossível acesso à tribuna, por exemplo, obrigaria a parlamentar novata a falar sentada no plenário. Com a habitual tenacidade, condicionou seu discurso de estreia à supressão de dificuldades humilhantes. A exigência foi atendida em poucas semanas.

A desinformação sobre o universo dos deficientes começa pela presidência do Senado. Num encontro recente com José Sarney, foi obrigada a ouvir o seguinte palavrório: “Sou familiarizado com a causa, tenho três tios mongoloides”. Sarney talvez já tenha aprendido um pouco mais sobre o tema, mas não tomou nenhuma providência para tornar acessível a mesa diretora do Congresso. “O espaço da escada é estreito. Nunca vou poder presidir uma sessão, nem xavecar o presidente”, sorri. “Tenho que ficar gritando lá de baixo”.

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Se o Brasil elegesse um presidente com deficiência, ele teria de entrar no Planalto pelos fundos. A mais famosa rampa do país não é acessível a cadeirantes. Ao criar o projeto, o arquiteto Oscar Niemeyer não imaginou que, 50 anos mais tarde, também estaria imobilizado numa cadeira de rodas – e, portanto, proibido de visitar sem a ajuda de acompanhantes o palácio que concebeu.

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