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Por Coluna
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O mundo árabe, nosso velho conhecido

Este pequeno texto aproveita a oportunidade para soprar labaredas sobre outras brasas, e atentar para a influência e a presença do mundo árabe na lusofonia

Por Deonísio da Silva
Atualizado em 22 abr 2018, 11h24 - Publicado em 22 abr 2018, 11h24

Deonísio da Silva

Você já viu um açude, sabe que cachaça vem do alambique, cantou e dançou a marchinha “Allah-la-ô, ô ô ô ô ô ô/ Mas que calor, ô ô ô ô ô ô”.

Se sabe a marchinha inteira, ainda continuou: “Atravessamos o deserto do Saara/ O Sol estava quente, queimou a nossa cara/ Allah-la-ô, ô ô ô ô ô ô”.

E certamente já comeu algo temperado com açafrão ou alcaparra, sentiu um cheirinho de alecrim, passou por uma alfândega, tem roupas de algodão e cansou de ver algemados que a mídia fez questão de lhe mostrar.

Por certo também já temeu o alicate na mão da manicure, leu um almanaque, passou no almoxarifado, já digitou arroba milhares de vezes, comeu arroz, trabalha numa empresa que tem alvará para funcionar, escolhe o que ler e não se submete aos algoritmos da internet e nem à cartilha do madraçal, que isso pode piorar sua enxaqueca.

Pois, diante da resma de folhas de papel, prontas a receber a encantada história de amor do sultão e de sua odalisca no mais misterioso dos haréns, recline-se antes no sofá sobre o tapete e deguste um sorvete.

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Prefere, em vez disso, uma porção de tâmaras, antes de soar o tambor do xerife que dará xeque-mate em mais um corrupto, levando o assassino de verbas para o xadrez?

O mundo árabe, nosso velho conhecido, como provam as palavras em negrito, esteve outra vez na berlinda na semana passada por obra de um vídeo da senadora Gleisi Hoffman.

O vídeo foi feito em apoio ao ex-presidente Lula, que cumpre pena de prisão numa sala da Polícia Federal, em Curitiba. Foi levado ao ar pela Al-Djazira (cujo significado é A Península, em árabe), adaptação do Inglês Al-Jazeera, emissora de televisão de alcance mundial, sediada no Catar, emirado do Oriente Médio cuja forma de poder, como tantos da região, é absolutista, não é republicana e muito menos democrática. (Na Europa, preferem escrever Qatar, mas o significado é o mesmo: caravana de camelos).

Este pequeno e despretensioso texto aproveitou a oportunidade para soprar labaredas sobre outras brasas, uma vez que a maioria das manifestações da mídia ocupou-se dos aspectos políticos e ideológicos, sem atentar para a influência e a presença extraordinárias do mundo árabe na lusofonia.

Ora, especialmente no caso do Brasil, descoberto e colonizado por Portugal logo depois da derrota dos árabes em outra península, a Península Ibérica, que teve na Espanha e em Portugal dos reis católicos os grande líderes da vitória, a presença árabe é notória.

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O Árabe e o Português foram recentemente submetidos a seus respectivos acordos ortográficos. O Português tinha basicamente duas grafias: a lusitana, que predominou também nos países lusófonos da África e da Ásia; e a grafia brasileira, amparada sobretudo na força dos 210 milhões de usuários do Português no Brasil.

Mas o Árabe tinha catorze grafias, catorze modos de escrever, e obteve unificação da língua escrita, sem todavia restringir internamente o uso das variantes da escrita.

Aproveitemos também as insanidades para celebrar a riqueza do Português, neste caso a contribuição de países árabes cuja localização, língua, usos e costumes a senadora do vídeo parece desconhecer!

Vamos tomar um dos volumes das Mil e uma noites e ler aquelas narrativas encantadoras e lendárias, refresco para nosso cotidiano de velhacos, corruptos e malfeitores que não saem da telinha nem das páginas.

Vamos ler ao menos alguns parágrafos das comoventes e inocentes tramas de Xerazade, cujo fim é muito justificado: salvar a própria vida e evitar o fim que outras semelhantes tiveram nas mãos do mais cruel dos reis, que quer a cada noite uma nova mulher para poder matá-la depois do ato.

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*Deonísio da Silva
Diretor do Instituto da Palavra & Professor
Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá
https://portal.estacio.br/instituto-da-palavra

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