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“O bom do silêncio” e outras notas de Carlos Brickmann

Abraham Lincoln disse que é melhor se calar e deixar que os outros pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida

Por Carlos Brickmann
Atualizado em 30 jul 2020, 19h29 - Publicado em 21 ago 2019, 20h55
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  • Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

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    Bolsonaro disse que não adianta exigir dele a postura de estadista porque não é estadista. Ele tem razão — e nem precisava ter dito. Aliás, há muita coisa que não precisava ter dito. Não precisava fazer brincadeira com motosserra, aludindo à questão do desmatamento. No duro mundo dos negócios, em que agricultores europeus menos eficientes que os brasileiros adorariam proibir as importações de carne e grãos “produzidos em áreas desmatadas da Amazônia”, a brincadeira se transforma em coisa séria. O agronegócio brasileiro não tem nada a ver com o pessoal que desmata a Amazônia, garimpeiros e madeireiros ilegais. Mas vá explicar esse fato a quem está feliz com a oportunidade de recuperar seu mercado perdido.

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    A imprensa europeia já chamou Bolsonaro de Borat, já disse que os brasileiros querem cultivar pastos e soja na Amazônia desmatada, já pediu sanções contra o Brasil (no grupo está a maior revista alemã, Der Spiegel), já obteve a suspensão das doações alemãs e norueguesas à preservação da floresta (“por que doar dinheiro para conservar as matas a um Governo que não quer preservá-las?”). Bolsonaro já ignorou o chanceler francês, acusou a Noruega de matar baleias por meios cruéis (é verdade mas, se eles não têm autoridade moral, têm influência política), sugeriu que os alemães reflorestem seu país o que eles já fizeram faz tempo. Quem fala demais dá bom-dia a cavalo. O pior é que nós é que pagamos a conta.

     

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    Questão de imagem

    Bolsonaro passou a impressão de que seu Governo não se importa com o meio-ambiente e não gosta de índios. Resultado: exatamente aquelas ONGs europeias de que ele não gosta ganharam espaço para divulgar suas versões (exageradas) sobre desmatamento. De acordo com o Banco Mundial, 94% da Amazônia estão intactos. Mas em negócios o que vale é a versão — no caso, a de que a floresta tropical já está em agonia. E o que se disser sobre maus-tratos a índios vai valer como verdade. Há pouco tempo, informou-se que garimpeiros tinham invadido a terra dos índios wajãpi, no Amapá, e assassinado seu cacique Emyra. Líderes internacionais protestaram. Só que não há nenhum sinal de invasão na terra wajãpi. O cacique morreu, mas não há indício de assassínio.

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    Aldo Rebelo, ex-PCdoB, ministro de Lula e Dilma, adverte para as falsas acusações ao Brasil. O mundo como ele é.

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    A voz da América

    Abraham Lincoln, notável presidente americano (e republicano, como Trump, ídolo de Bolsonaro), disse que é melhor se calar e deixar que os outros pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida.

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    A dança das cadeiras

    Não leve a sério as corporações que ameaçam se rebelar se Bolsonaro escolher um procurador-geral da República ou um diretor regional da Polícia Federal que não aprovem. Não vão se rebelar, não. As modificações vão ocorrer — e já estão ocorrendo. O subsecretário-geral da Receita, José Paulo Fachada, foi exonerado, numa tentativa do secretário da Receita, Marcos Cintra, de manter o cargo. Mas não deve durar, apesar de ter demitido seu subsecretário. E Paulo Guedes não se moverá para segurá-lo.

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    Com a passagem do Coaf para o Banco Central, seu presidente Roberto Leonel, escolhido pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, deve sair. Guedes disse que iria mantê-lo; mas, como o Coaf saiu da Economia, tudo mudou.

     

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    Abusos, sim

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    O Ministério Público e o ministro Sergio Moro pedem que Bolsonaro vete vários artigos da lei que pune abusos de autoridade. Devem ter razão em alguns pedidos, mas há pontos óbvios exigindo punição. Por exemplo, alguém, sem ser intimado, vê na porta de sua casa um forte aparato policial, que o detém e leva para depor, sem advogado — sendo que, por lei, poderia se recusar a fazê-lo. Ou quando as acusações vazam do inquérito para os meios de comunicação.

    Um bom exemplo: Eduardo Jorge, que foi secretário-geral do Governo Fernando Henrique, sofreu perseguição por parte de procuradores, que o acusaram de corrupção e vazaram as acusações para a imprensa. Ele abriu processo. Levou 17 anos, mas a União foi condenada a indenizá-lo em R$ 100 mil. E os procuradores que, agora comprovadamente, o perseguiram? Não vão pagar nada. Julgados por seus pares, um foi suspenso e um advertido. Ou seja, eles perseguiram e nós vamos pagar a conta da perseguição, com nossos impostos.

     

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    Os jatinhos do BNDES

    Há certa confusão no ar: quem comprou jatos da Embraer com financiamento do BNDES (a juros baixíssimos) não cometeu ilegalidade, nem está na “caixa preta”. A Embraer teve apoio do BNDES para financiar suas vendas. Foram financiados 134 aviões em cinco anos.

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