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Noite de R$ 4 milhões para Paraisópolis

Texto publicado no Estadão desta quarta-feira. Paulo Sampaio No palco do Buddah Bar, na Daslu, Wanderley Nunes afofa o cabelo da primeira-dama, Marisa Letícia, e comenta em tom de confidência com a plateia de socialites: “Essa mulher maravilhosa, gente, vive me perguntando se o cabelo dela está bom. O que vocês acham?” “Estáá!”, dizem todos, […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 14h30 - Publicado em 18 ago 2010, 18h43
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  • Texto publicado no Estadão desta quarta-feira.

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    Foto: Mastrangelo Reino /Folhapress

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    Paulo Sampaio

    No palco do Buddah Bar, na Daslu, Wanderley Nunes afofa o cabelo da primeira-dama, Marisa Letícia, e comenta em tom de confidência com a plateia de socialites: “Essa mulher maravilhosa, gente, vive me perguntando se o cabelo dela está bom. O que vocês acham?” “Estáá!”, dizem todos, entre aplausos e gritos. Dona Marisa olha para Wanderley aliviada.

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    O cabeleireiro reuniu anteontem a nata da sociedade num leilão em benefício da Escola do Povo, programa de alfabetização para moradores da Favela Paraisópolis, no Morumbi. Com cerca de 100 mil habitantes, a favela é a segunda maior de São Paulo. Dona Marisa é chamada ao palco na hora em que vão leiloar um terno feito por Ricardo Almeida para o presidente Lula. O lance inicial é de R$ 100 mil. Eike Batista, o homem mais rico do Brasil, o arremata por R$ 500 mil. Ricardo Almeida pergunta aos repórteres: “Vocês anotaram direito? São R$ 500 mil”.

    Eike Batista parece disposto a mostrar que sabe usar o dinheiro: pele muito lisa, cabelos subitamente abundantes, ele está sentado ao lado de dona Marisa e é o milionário que mais levanta a mão durante a noite. Leva desde kit de cozinha (R$ 100 mil) até o Rolex do Faustão (R$ 80 mil). Assim como Madonna, Eike defende que a solução para o problema de alfabetização no Brasil são “aulas de autoestima”. “Eu mesmo gostaria de ter essas aulas… Se bem que não preciso, eu já cheguei lá”, diz ele, sob o franjão “imexível”.

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    Lu Barbosa, assessora de imprensa do empresário Alessandro Corona, dono da Tricosalus Clinics, de tratamento capilar, diz que, sim, Eike é cliente. Os dois empresários ficam lado a lado na mesa. A organização passa um DVD feito na favela. A plateia parece dispersiva. Muitos conversam. “Pssh!”, faz alguém.

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    Entre outras raridades, foram doados para o leilão o banco do programa A Praça é Nossa, as abotoaduras do cantor Agnaldo Rayol e o chapéu autografado do sertanejo Sérgio Reis. O prefeito Gilberto Kassab mandou uma tela a óleo do Anhangabaú, assinada por Cristiane Carbone. Até chegar aos itens mais disputados, como a guitarra assinada por Mick Jagger, as roupas de Jesus Luz e as camisas da seleção autografadas por Kaká, Ronaldo e Pelé, o leiloeiro passa por um mau pedaço.

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    “Vai aí, amigo!? Olha a preciosidade (abotoadura de Agnaldo Rayol)! Quem vai!? Na loja custa R$ 6 mil; aqui, só R$ 4 mil! A causa é nobre! O primeiro passo da inserção é a educação! Vai!?”, diz Luiz Fernando Dutra, à beira do desespero. Ninguém leva.

    Wanderley percebe que “o negócio está meio lento” e abaixa o lance inicial: “Quem der R$ 3,5 mil, leva!” Nada. Tom Cavalcante é chamado para ajudar a anunciar um par de tênis e a bola de basquete de Oscar Schmidt. “Pensa naquelas dez bolsas Hermès que vocês têm em casa! Vamos, quem vai!?”, diz Tom.

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    Chico Pinheiro, apresentador do leilão, emenda palavras bonitas sobre a iniciativa. “Mandou bem, Chico! Falou com o coração!”, elogiam. Aplausos. As socialites estão muito emocionadas. Uma repórter de TV pergunta a Beth Szafir qual seu sentimento em relação aos jovens de Paraisópolis. Beth ajeita o casacão de visom Dior e diz: “Dá pena, muita pena”. O empresário José Carlos Semenzato, que rivalizou com Eike nos lances pelo terno de Lula, afirma no palco que tem um bom motivo para ajudar as “classes C e D”. “Se a gente investir na alfabetização dessas pessoas, vamos economizar muito em segurança para nossos filhos e netos”.

    Por sua vez, a joalheira mineira Ana Paula Carneiro, que arrematou por R$ 6 mil um vestido de Hebe Camargo, diz que quer “muito, muito mesmo” ir a Paraisópolis. Ana Paula está com uma bolsa Hermès de couro de crocodilo com fecho de ouro que, alguém diz, custa US$ 80 mil. “Imagina! Paguei US$ 33 mil!” Wanderley receia que o ritmo do leilão esteja devagar de novo e dá uma ajudinha: “Vamos bater a carteira de quem agora?” Em um “gesto lindo”, de acordo com os apresentadores (agora são muitos, embolados no palco), o diretor de um banco doa R$ 40 mil.

    O presidente da União dos Moradores de Paraisópolis, Gilson Rodrigues, diz que nunca recebeu doação tão grande. Resolveu que vai eleger dona Marisa a “presidente de honra” do Escola do Povo. De acordo com Sílvia Fattiola, que coopera com Rodrigues, foram arrecadados R$ 2,133 milhões. Antes, claro, de Eike Batista se superar em sua generosidade e dobrar esse valor, totalizando R$ 4,266 milhões.

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    Ninguém quis

    Chapéu e berrante
    Autografados por Sérgio Reis, tiveram lance inicial de R$ 3 mil, mas ninguém comprou.

    Abotoaduras
    De ouro com brilhantes e safira, doadas pelo cantor Agnaldo Rayol, tinham lance mínimo de R$ 3 mil.

    Quadro
    O quadro luminoso doado por Luciano Huck não recebeu nenhum lance. O preço inicial era de R$ 8 mil.

    Vestido
    Adriane Galisteu doou um vestido de André Lima, mas a peça, a R$ 2 mil, não despertou interesse da plateia.

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