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Marcos Troyjo: Nova ‘potência-líder’ pode surgir com Trump

Tivesse Hillary saído vencedora da corrida à Casa Branca, o TPP talvez tampouco sobrevivesse —ou passaria por uma repaginada antes mesmo de estrear

Por Augusto Nunes Atualizado em 27 jan 2017, 23h28 - Publicado em 27 jan 2017, 23h28
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  • No momento em que Trump, num de seus primeiros atos no “Salão Oval”, formalizava o abandono do TPP (Tratado da Parceria Transpacífico), um sujeito a poucos metros do presidente flexionava indisfarçável sorriso.

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    Era Peter Navarro, chefe do novo Conselho de Comércio da Casa Branca, um dos maiores opositores do princípio de livre comércio —e das poucas pessoas que “fazem a cabeça” de Trump em economia internacional.

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    Navarro, como outros “falcões protecionistas” que agora povoam a administração norte-americana, sabiam que ali os EUA estavam dando meia-volta.

    Numa tradição inaugurada com a primeira Revolução Industrial, havia uma espécie de “cordão umbilical” entre um país representar a maior economia do mundo e ser também o principal defensor do livre comércio.

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    Não estranha, assim, os britânicos —durante o longo tempo em que protagonizaram a economia mundial— gestarem gigantes do liberalismo como Adam Smith ou David Ricardo.

    Da mesma forma, os EUA, quando emergiram à condição de superpotência, tornaram-se os principais arautos do livre mercado – e daí o pensamento de estrelas de grandes proponentes da economia aberta como Milton Friedman.

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    Em sua decisão de abandonar o TPP (Parceria Transpacífico), negociado por vários anos numa arquitetura que incluiria inicialmente 12 países de regiões tão distintas como Américas do Norte e do Sul, Ásia e Oceania, os EUA de Trump mostram que estão dispostos a acabar com essa tradição.

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    Alguns, como o especialista em comércio Gary Hufbauer, do Instituto Peterson de Economia, entendem que o fato de Washington deixar o TPP pelo caminho tem pouco efeito real. Afinal de contas, apesar de assinado por uma dúzia de paises, o tratado jamais esteve em vigor.

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    Tivesse Hillary saído vencedora da corrida à Casa Branca, o TPP talvez tampouco sobrevivesse —ou passaria por uma repaginada antes mesmo de estrear.

    A decisão, no entanto, é mais do que meramente simbólica. Ela vem acompanhada de amplos sinais de que os EUA estão dispostos menos a desempenhar papel de “líder” da ordem econômica, e mais o de potência “individualista”.

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    Nesse mundo, o da “América primeiro”, fica difícil não enxergar o comércio mundial como jogo em que, se alguém ganha, outro necessariamente perde.

    É nesse mesmo contexto que, logo em seus primeiros dias de governo, Trump já mostrou que buscará renegociar o Nafta.

    Este, em futuro não longínquo, pode até mudar de nome. Com isso, em paralelo ao sepultamento do TPP, Trump teria algo de fácil consumo a oferecer àqueles que o elegeram na base do “compre nos EUA, empregue nos EUA”, como vocalizou em seu discurso de posse.

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    Mais preocupante é, para além do TPP e do Nafta, Trump utilizar a palavra “proteção” como se ela fosse algo apenas de repercussão positiva para famílias e empresas nos EUA. Bem ao contrário, “proteção” é instrumento que pode aleijar a competitividade econômica e a influência geopolítica dos EUA.

    Com o TPP, os EUA dariam largada a uma nova geração de tratados econômicos. Neles, seriam redefinidas regras de comércio e investimento para além de tarifas ou quotas.

    Padrões trabalhistas, ambientais e de propriedade intelectual dariam o tom dos acordos do século 21. Tudo isso, agora, fica à espera de uma nova potência-líder —ou dos EUA “pós-Trump”.

    Nessa ausência, cresce a influência da China. E outras economias do G20 passam a preterir os EUA como referência para sua iniciativas externas.

    Com o TPP, Washington buscava um “Pivô para a Ásia”. Sem ele, faz tão somente um “pivô para si próprio”. Nesse movimento, poucos países o acompanharão.

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