Imagens em Movimento: Pickfair, um conto de fadas real
SYLVIO DO AMARAL ROCHA Durante muitos anos, Pickfair foi sinônimo de felicidade, poder e glamour. Nessa mansão fincada numa das encostas de Beverly Hills, batizada com a soma das quatro primeiras letras dos sobrenomes dos donos, moraram Mary Pickford, a queridinha da América, e Douglas Fairbanks, o galã que brilhava em filmes de aventura. No […]
SYLVIO DO AMARAL ROCHA
Durante muitos anos, Pickfair foi sinônimo de felicidade, poder e glamour. Nessa mansão fincada numa das encostas de Beverly Hills, batizada com a soma das quatro primeiras letras dos sobrenomes dos donos, moraram Mary Pickford, a queridinha da América, e Douglas Fairbanks, o galã que brilhava em filmes de aventura. No imaginário alimentado pelos anos dourados de Hollywood, Pickfair era o paraíso que abrigava um casal perfeito.
Valia mais que qualquer condecoração um convite para as festas que reuniam astros e estrelas do cinema, aristocratas, políticos, industriais e celebridades de todas as áreas. Algum tipo de recepção animava pelo menos cinco vezes por semana a mansão que raramente dormia. Comprada por 35 mil dólares em 1919, foi modernizada com todas as novidades da época — luz elétrica, água encanada, decoração refinada e piscinas, por exemplo. Mais de 20 funcionários garantiam que tudo funcionasse perfeitamente.
Com a separação do casal, em 1935, Pickfair ficou com Mary, que, dois anos depois, celebrou o terceiro e último casamento, agora com Charles Buddy Rogers. Embora não ficassem muito tempo por lá, recusaram-se a vender o endereço lendário. Em novembro de 1947, uma reportagem da revista Life mostrou o casal com seus dois filhos adotivos, Ronald e Roxanne.
Depois da morte de Mary, a casa foi vendida três vezes. A primeira, para o dono do Los Angeles Lakers, um dos principais times de basquete dos Estados Unidos. Em 1988, passou às mãos da atriz Pia Zadora e seu marido Meshulam Riklis, responsáveis por um sacrilégio histórico e arquitetônico: a casa foi demolida para que ali se erigisse um palazzo de estilo veneziano, repassado em 2006 por 17,6 milhões de dólares.
A deslumbrante construção se destacou durante anos em um cenário que esbanjava ostentação, e ajudou a lapidar a forma de vida dos milionários do cinema. Não foi apenas com o que aparecia na tela que o cinema seduziu gerações. O público amava ver de perto a vida de que os ídolos desfrutavam.
Um dos poucos registros filmados dos dias festivos em Pickfair, o curto vídeo abaixo mostra o casamento do irmão de Mary, Jack, com a dançarina Marlyin Miller, em 1922. Os noivos saem da casa e é Mary quem os beija. Charlie Chaplin faz de conta que está colocando um anel no dedo da anfitriã. EFairbanks se exercita naquele que parece ser o momento que antecede uma foto coletiva.