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Gabeira: ‘Cabral é uma espécie de Tio Patinhas da corrupção’

Na entrevista ao programa Roda Viva, o jornalista falou, entre outros assuntos, sobre o quadro político brasileiro e a importância da Operação Lava Jato

Por Augusto Nunes Atualizado em 7 mar 2017, 19h56 - Publicado em 7 mar 2017, 19h55

O convidado do Roda Viva desta segunda-feira foi o jornalista Fernando Gabeira. Mineiro de berço e carioca honorário, ele nasceu em Juiz de Fora em 17 de fevereiro de 1941 e desembarcou no Rio aos 22 anos de idade. Trabalhou no Jornal do Brasil até 1968, quando deixou as redações para aderir à luta armada contra a ditadura militar. Preso depois do sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, seguiu para o exílio que só terminou com a anistia de 1979. Em 1994, conquistou nas urnas o primeiro dos três mandatos consecutivos na Câmara dos Deputados. Hoje, além de uma coluna no Globo e no Estadão, ele comanda um programa de reportagens na GloboNews e participa de outro na CBN. Confira trechos da entrevista:

“O Sérgio Cabral me surpreendeu, porque eu achava que ele fosse um corrupto comum, que desviava dinheiro para ter uma bela casa, um belo carro, para viajar a Paris e consumir coisas. Mas ele é um tremendo corrupto. Um cara que armou um império dentro do Rio de Janeiro. Ele sozinho acumulou, pelo que se sabe até o momento, 100 milhões de dólares, ouro, um milhão de euros em diamantes, coisas que são surpreendentes, porque eu que o imaginava apenas um corrupto comum descobri que ele é uma espécie de Tio Patinhas da corrupção”.

“Meu novo livro, Democracia Tropical, que será lançado em abril, trata do período que vai do movimento pelas Diretas Já até o impeachment da Dilma. Minha intenção era examinar por que a redemocratização não deu certo”.

“Percebi que era necessário privatizar as telecomunicações observando os países comunistas, quando estava cobrindo, como jornalista, a queda do governo soviético e os países dos Bálcãs. Na Lituânia, ao tentar transmitir um telex para o Brasil, disseram-me que levaria 24 horas. Na época, a esquerda dizia que eu era um traidor e eu perguntava: traidor de quem? Da Telesp?. Estava claro que a privatização traria inúmeros benefícios, principalmente para os profissionais liberais”.

“A ética na política dava um charme para o PT. Eu me filiei ao partido por acreditar que poderia haver no Brasil uma aliança semelhante à que aconteceu na Europa, entre a social democracia e os verdes. Quando me desfiliei, disse que havia sonhado o sonho errado. Hoje, optei por não sonhar. Compreendo o mundo e vejo os seres humanos como imperfeitos. Não há cura. Em vez de sonhar, prefiro melhorar o que existe”.

“Abandonei a política eleitoral e partidária, mas continuo atuando politicamente”.

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“É possível uma pessoa no Congresso não se corromper. Na época da farra das passagens aéreas, eu me denunciei e devolvi o dinheiro. Procurei imediatamente o Michel Temer, presidente da Casa, e fizemos várias mudanças para modificar essas regras. Conseguimos uma economia de mais ou menos R$ 30 milhões. Se você erra, corrija. O problema é errar e não reconhecer o erro”.

“O avanço da Operação Lava Jato e as reformas são complementares e necessários. A Lava Jato é a operação mais importante que já vi no Brasil. Ela desmantelou a corrupção não só aqui, mas em outros países. A população apoia a Lava Jato. O fim do foro privilegiado é fundamental para que as pessoas descobertas por essa operação sejam punidas. Não é que o Supremo seja complacente, mas ele não consegue dar conta de todos esses processos”.

“Não concordo com quem diz que há excessos na Lava Jato. Ela é controlada por órgãos superiores de Justiça, pelos quais não tem sido condenada. E desmontou um esquema de corrupção que vinha desde o começo da redemocratização. Não vejo nenhum tipo de excesso que a desmereça. Ela não é infalível, tem que ser alvo de críticas, mas é necessário sempre confrontar a dimensão histórica da operação com o tamanho do fato que você contesta”.

“Não preparamos os brasileiros para serem livres e responsáveis. Não falo apenas do Bolsa Família. Fiquei espantado, durante a campanha para o governo do Rio em 2010, com a cultura da dependência que afeta os prefeitos. No interior, 9 entre 10 apoiaram o Sérgio Cabral. Eles diziam aos funcionários que, se o Cabral fosse derrotado, perderiam o emprego”.

“O que me inspira no meu programa na GloboNews é andar pelo Brasil e mostrar coisas que normalmente as pessoas não veem. Um dos primeiros programas que fiz, por exemplo, foi sobre andarilhos”.

“Vejo movimentos surgindo na esquerda, no centro e na direita. Se acharem que houve um processo de depuração do Congresso, e que vale a pena fazer política, novos nomes podem pensar em se candidatar”.

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“Não acho difícil ser homem num processo de crescimento das mulheres. Essa conta de soma zero, se a mulher cresce o homem perde espaço, não faz sentido para mim. Acredito que os dois podem crescer juntos. Você já vê homens interessados em cuidar das crianças, que dividem as tarefas em casa. O avanço de um não nega o do outro. A visão de confronto é limitada”.

“Em vez de falar mal do Donald Trump, é interessante olharmos para a globalização para ver até que ponto ela não é uma utopia que permite o surgimento de um Donald Trump. Em vez de criticá-lo, estou mais interessado em saber o que possibilitou a existência de alguém como ele”.

“A construção desses muros, como o que querem erguer na fronteira com o México, é um atestado da falência da sociedade como convivência humana. Nos anos 60, sonhávamos com um mundo sem fronteiras e sem passaportes. Um mundo sem países. Vimos que a realidade não é bem assim”.

A bancada de entrevistadores reuniu cinco jornalistas: Débora Bergamasco (IstoÉ), Helen Braun (Jovem Pan), Teté Ribeiro (Folha), Flávio Freire (O Globo) e Pedro Venceslau (Estadão). O programa foi transmitido ao vivo pela TV Cultura.

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