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Especial VEJA: Ernesto Geisel, do limbo ao Planalto

Publicado na edição impressa de VEJA “Era uma espécie de cão leproso.” Assim o general Ernesto Geisel classificou a situação em que estava quando João Goulart tomou posse, no apressado arranjo parlamentarista, em 1961. Não teve cargo, comando nem prestígio junto ao novo chefe de governo, a quem considerava “um homem fraco e dominado pelas […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 04h07 - Publicado em 3 abr 2014, 08h58

Publicado na edição impressa de VEJA

geisel

“Era uma espécie de cão leproso.” Assim o general Ernesto Geisel classificou a situação em que estava quando João Goulart tomou posse, no apressado arranjo parlamentarista, em 1961. Não teve cargo, comando nem prestígio junto ao novo chefe de governo, a quem considerava “um homem fraco e dominado pelas esquerdas”. Três anos depois, era um dos integrantes mais importantes do grupo chefiado pelo general Humberto Castello Branco.

A aproximação entre os dois futuros presidentes militares não tinha sido exatamente fácil. Conspirador de primeira hora, Geisel, tão austero que quando cursava a Escola Militar do Realengo não aceitava convites de fim de semana de colegas cariocas porque não tinha roupas que considerasse apresentáveis, fazia restrições ao cearense que gostava de poesia e seguia a linha legalista. “Muitos de nós não gostávamos do Castello na vida militar, inclusive eu e meu irmão Orlando, por causa do seu feitio, por ser irônico”, relatou muitos anos depois, na série de entrevistas transformada em livro por Maria Celina D’Araujo e Celso Castro.

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Ao se afastar de “generais amigos, contrários a nós e ligados ao sistema Jango”, Castello se aproximou de Geisel e Golbery do Couto e Silva, que estava na reserva e, como sempre, transitava no fluido mundo das sombras. O general de cintura dura também teve seus momentos de maquiavelismo, já nos estertores do governo Goulart, quando o presidente apoiou em pessoa os sargentos praticamente em estado de sublevação. “Alguns companheiros vieram a mim com a proposta de cercar o acesso ao Automóvel Clube com elementos de confiança e assim impedir a realização da reunião. Fui contrário a isso, dizendo: ‘Deixem que se faça a reunião; agora, quanto pior, melhor para a nossa causa’.”

Geisel e Golbery acompanharam Castello em suas movimentações de 31 de março e 1º de abril, no quartel-general do Exército e entre apartamentos cedidos por simpatizantes que passaram a ser chamados de postos de comando. Ironizada como a “revolução por telefone”, a articulação na verdade foi essencial para aglutinar os diferentes focos de rebelião militar. “Não havia um comando único na revolução. Mas, para o nosso grupo, o chefe era o Castello”, descreveu Geisel.

O outro grupo se inclinava pelo general Arthur da Costa e Silva. Falando com palavras cuidadosamente inteiras, como era de seu feitio, ele resumiu assim a disputa em gestação: “Essa divergência, no meu modo de ver, teve influência muito grande depois”. Mas, nos idos de março de 1964, Castello era o nome mais forte e Ernesto Geisel um de seus homens de total confiança. Passados dez anos, tornou-se presidente com um voto só que realmente contava ─ o de seu antecessor, Emílio Garrastazu Médici ─ e um projeto “lento, gradual e seguro” de retorno à democracia. Demorou mais dez anos. Sua seca e final avaliação: “Foi um erro ter-se ficado tanto tempo”.

Colaboradores: André Petry, Augusto Nunes, Carlos Graieb, Diogo Schelp, Duda Teixeira, Eurípedes Alcântara, Fábio Altman, Giuliano Guandalini, Jerônimo Teixeira, Juliana Linhares, Leslie Lestão, Otávio Cabral, Pedro Dias, Rinaldo Gama, Thaís Oyama e Vilma Gryzinski.

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