Assine VEJA por R$2,00/semana
Augusto Nunes Por Coluna Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Eliane Cantanhêde: De jararaca a crocodilo

Não sobra pedra sobre pedra, mas Lula tinha cartão pré-pago milionário fora de campanha

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h57 - Publicado em 14 abr 2017, 21h37
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Publicado no Estadão

    Publicidade

    O ex-presidente Lula tem razão ao dizer que “cai a máscara” de todo o mundo político, porque tudo é realmente esclarecedor, além de estarrecedor, nas delações da cúpula da Odebrecht. Mas que adjetivo usar para a “conta Amigo” da Odebrecht? Era uma saco sem fundo, um cartão pré-pago em favor de Lula e gerenciado pelo ex-ministro Antonio Palocci.

    Publicidade

    Na versão de Marcelo Odebrecht, tanto para o juiz Sérgio Moro quanto para os procuradores, eram R$ 40 milhões à disposição de Palocci, o “Itália” das planilhas, que enviava emissários com sacolas para sacar R$ 1 milhão, R$ 2 milhões, R$ 3 milhões – em espécie!

    Mesmo quando entravam em campo ministros como Guido Mantega e Paulo Bernardo, quem dizia “sim” a operações, negociatas, pagamentos e saques era Palocci. Está claro que ele agia como tesoureiro pessoal de Lula. E, aliás, jamais revelou quem era o proprietário real do apartamento de R$ 7 milhões que foi o pivô de sua queda da Casa Civil.

    Publicidade

    Nos demais envolvidos, havia caixa 2 e/ou relação de causa e efeito entre doações de campanha e favorecimento à empresa em licitações ou votações no Congresso, mas Lula tinha um tratamento muito diferenciado, com um saldo livre, independentemente de campanhas, mais uma ajudazinha para seu filho, seu irmão, seu sítio… A Odebrecht comprou não um mandato, mas o próprio Lula.

    Continua após a publicidade

    Ao atingir tão profundamente Lula, que já é réu em cinco processos, as delações têm impacto decisivo em 2018. Com Lula na disputa, o cenário é um, excluindo outros candidatos à esquerda e deixando os demais girando em torno dele. Sem Lula, o cenário é outro, com um estouro da boiada à esquerda, ao centro e à direita, repetindo aquela multidão de candidatos de 1989, quando se deu o desastre Collor.

    Publicidade

    Aliás, o que é a Odebrecht? Um conglomerado empresarial, uma empreiteira, um banco ou uma fábrica de corrupção? Sabe-se agora onde foram parar R$ 450 milhões que fluíram para os políticos, mas falta explicar de onde vieram. E ainda tem OAS, Camargo Corrêa…

    Os vídeos e áudios, transmitidos incansavelmente, são a maior aula de política brasileira jamais vista ou imaginada neste País, mas vocês já repararam a tranquilidade, a coloquialidade, com que Emílio e Marcelo Odebrecht descrevem esse roteiro macabro? Eles falam as coisas mais absurdas como se fosse um palitar de dentes, assim como os executivos da empresa se referem ao tal Setor de Operações Estruturadas como se fosse normal como o almoxarifado. Isso revela décadas de compra do poder, tanto que são listados todos os ex-presidentes vivos, Sarney, Collor, FHC, Lula e Dilma.

    Publicidade

    Não há um governo, um dos maiores partidos, um dos principais líderes que escapem do terremoto. Não parece sobrar pedra sobre pedra nas pré-candidaturas petistas nem tucanas nem peemedebistas para 2018, nem legitimidade para os atuais e ex-presidentes da Câmara e do Senado tocarem a reforma da Previdência.

    Continua após a publicidade

    A estratégia do Planalto e do mercado de tentar separar duas pautas para o País, uma da Lava Jato, outra do “Brasil real”, parece não ter resistido dois dias. Se o presidente Michel Temer cumpriu agenda normal na quarta-feira, ontem já gravou um vídeo para negar que tenha participado de um pedido de US$ 40 milhões para o PMDB em uma reunião em São Paulo: “Jamais colocaria minha biografia em risco”. Ele acusou o golpe.

    Publicidade

    Piada. Em nota, assessores de Dilma dizem que “todas as decisões do seu governo foram voltadas ao desenvolvimento do País, buscando o bem-estar da população, a partir do programa eleito nas urnas”. Uma frase, três piadas.

    Guerra. Como as delações são em vídeos, as reações dos políticos (FHC, Temer, Renan…) também passaram a ser. É vídeo contra vídeo.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.