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Por Coluna
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A voz rouca das ruas

Não importa o que Bolsonaro ou Ciro tentem transmitir sobre qualquer assunto, ambos se destacam fortemente pela contundência

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h20 - Publicado em 13 set 2018, 14h23

William Waack (publicado no Estadão)

A consagrada expressão “voz rouca” das ruas deve vir do fato de que uma voz rouca mal se distingue, às vezes nem se entende, sugere algum problema afetando as cordas vocais e o som se parece a alguma coisa gutural, vinda de um fundo indefinido.

Pois mesmo assim a rouca voz das ruas no Brasil está dando um recado inconfundível na reta final para o primeiro turno das eleições. Ela já diminuiu pela metade o tamanho do grande ponto de interrogação que perdurava até poucos dias atrás, e parece ter colocado Jair Bolsonaro confortavelmente no segundo turno.

Bolsonaro atende exatamente a essa “demanda” rouca das ruas e espalhada (a julgar pelo mais recente Ibope) por segmentos dos mais diversos em termos de idade, condição socioeconômica, gênero, raça e escolaridade ─ ao mesmo tempo em que esse candidato enfrenta renhida rejeição nos mesmos segmentos mencionados. Haja rouquidão!

Na metade que sobrou do grande ponto de interrogação ─ quem vai para o segundo turno contra Bolsonaro ─ desponta como um candidato bastante competitivo no empate quádruplo o nome de Ciro Gomes. Não importa o que Bolsonaro ou Ciro tentem transmitir sobre qualquer assunto, ambos se destacam fortemente pela contundência.

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É aquilo que os analistas de pesquisas chamam de “autenticidade”, um fator que boa parte do eleitorado parece prezar hoje acima do que candidatos estão dizendo. Não deveria causar espanto quando se considera que segurança pública e corrupção são componentes essenciais hoje ao se tentar entender preferências eleitorais.

Em outras palavras, não há um “tema”, um “assunto”, um “eixo” em torno do qual se possa e definir o debate nesta fase derradeira do primeiro turno. O que existe é um enorme conteúdo emotivo ─ no qual o atentado contra Bolsonaro o beneficiou numa fase crítica para a candidatura dele, mudando a eleição ─ difuso e incapaz de diferenciar entre “propostas concretas”.

Note-se que até agora nenhuma candidatura conseguiu impor um mote à disputa, apesar de algumas tentativas como Marina versus Bolsonaro na questão envolvendo mulheres, por exemplo. O principal “evento” da campanha, capaz de alterar boa parte do ritmo, foi um atentado que, evidentemente, escapava ao controle de qualquer dos participantes.

Essa mesma rouquidão não parece favorecer Marina, cuja imagem sugere uma certa fragilidade, e muito menos Geraldo Alckmin, cuja candidatura não consegue se desvencilhar, nesta fase da corrida, do carimbo de ser mais do mesmo, além dos recentes golpes desferidos pela Lava Jato contra figuras do PSDB.

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Resta considerar o que ainda consegue a voz mais rouca de todas, a de Lula, que fez uma arriscadíssima jogada contra o tempo ao insistir numa candidatura que se sabia impossível, apostando que conseguiria em último momento transferir quantidade suficiente de votos para colocar o poste Fernando Haddad no segundo turno. Há grande divergência entre analistas, todos apoiados em diversas pesquisas, sobre essa capacidade. Neste momento, dou mais chances a Ciro de disputar contra Bolsonaro.

Mesmo que essa hipótese não se confirme (não tenho bola de cristal e a eleição continua indefinida), é curioso notar como as várias candidaturas se articulam para tentar gerar uma “onda” de voto útil já bem antes das famosas 36 horas finais (quando essas “ondas” são decisivas). Elas já se apresentam como único remédio capaz de bloquear o “perigo” representado por adversários e, claramente, apelam ao medo do pior.

Admitindo que melhor, não são.

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