Assine VEJA por R$2,00/semana
Augusto Nunes Por Coluna Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

A seca chegou às cidades. As águas do São Francisco continuam distantes do sertão

JÚLIA RODRIGUES No ano em que deveriam estar festejando a conclusão das obras de transposição do Rio São Francisco, os brasileiros constataram que o flagelo da seca, historicamente restrito aos sertões, já não poupa sequer as cidades. Nesta segunda-feira, a manchete da Folha de S. Paulo resumiu em nove palavras a extensão do drama: “Nordeste […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 08h41 - Publicado em 4 jun 2012, 22h07
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Ilustração: Luiz Roberto

    Publicidade

    JÚLIA RODRIGUES

    Publicidade

    No ano em que deveriam estar festejando a conclusão das obras de transposição do Rio São Francisco, os brasileiros constataram que o flagelo da seca, historicamente restrito aos sertões, já não poupa sequer as cidades. Nesta segunda-feira, a manchete da Folha de S. Paulo resumiu em nove palavras a extensão do drama: “Nordeste sofre com falta de água em área urbana”.

    Segundo a reportagem, entre janeiro e maio o governo desembolsou R$103 milhões com a frota de caminhões-pipa mobilizada para abastecer cerca de 2,8 milhões vítimas da estiagem. Nos primeiros cinco meses de 2012, o Ministério da Integração Nacional já gastou mais da metade dos R$ 180 milhões investidos em 2011. Se não chover até outubro, as despesas com a distribuição de água passarão de R$ 130 milhões.

    Publicidade

    O racionamento de água castiga moradores de 158 cidades nordestinas. Em Pernambuco, 20% dos reservatórios entraram em colapso. Em Lajedo, a 196km do Recife, a população suporta 20 dias sem água antes do período de abastecimento limitado a 48 horas. Na Bahia, o estado mais afetado pela seca, mais de 50% dos municípios decretaram estado de emergência.

    Continua após a publicidade

    Se depender da transposição das águas do Rio São Francisco, esse quadro não mudará tão cedo. As obras estão paralisadas em três trechos, caminham lentamente nos outros e a gastança não para de crescer. Calcula-se que o maior empreendimento do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, acabe engolindo 71% acima do orçado inicialmente. Segundo o Ministério da Integração Nacional, o custo da transposição, agora prometida para 2015, vai saltar de R$ 4,8 bilhões para R$ 8,2 bilhões.

    Publicidade

    O ministro Fernando Bezerra, responsável pela execução das obras, atribuiu a elevação estratosférica a “adaptações e detalhamentos” requeridos pelos projetos. Bezerra também culpa o aquecimento do setor da construção civil pelo rombo nos cofres públicos. Só inocenta o ministério que comanda e, naturalmente, seus superiores.

    Oficialmente incumbida de supervisionar todas as obras do PAC, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, recorreu a uma nota redigida em dilmês arcaico para driblar o tema indigesto. “Os aditivos são explicados pelo avanço dos projetos executivos, que têm identificado, com maior grau de precisão, as intervenções necessárias para a completude (sic) do projeto de interligação (sic) do São Francisco”, desconversa um trecho do palavrório.

    Publicidade

    O uso de “completude” em vez de “conclusão” mostra que a ministra está longe da nota 10 em português. O uso de “interligação” em vez de “transposição” sugere que Miriam tem pouca intimidade com o projeto. Resta à população nordestina fazer o que faz desde o começo do século 19: rezar.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.