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‘O que aflige o padrinho’, editorial do Estadão

Publicado no Estadão desta terça-feira Em 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva concluiu que seria um lance de alto risco levar adiante o plano com que alguns de seus companheiros flertavam em público – não propriamente à sua revelia – de apresentar um projeto de emenda constitucional que lhe permitiria concorrer a […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 05h16 - Publicado em 2 out 2013, 08h49
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  • Publicado no Estadão desta terça-feira

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    Em 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva concluiu que seria um lance de alto risco levar adiante o plano com que alguns de seus companheiros flertavam em público – não propriamente à sua revelia – de apresentar um projeto de emenda constitucional que lhe permitiria concorrer a um terceiro mandato consecutivo. A proposta poderia até ser aprovada, se a base parlamentar aliada, no modo rolo compressor, conseguisse ficar surda à grita das parcelas mais articuladas da sociedade, que não deixariam de se mobilizar.

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    A radiatividade política que a emenda deixaria na atmosfera, porém, transformaria a campanha do ano seguinte numa batalha em que o grande trunfo eleitoral do presidente – a exploração e amplificação dos feitos de seu governo, beneficiados por uma quadra de excepcional prosperidade mundial e a ebulição do mercado chinês – seria confrontado pela denúncia de que o candidato tinha importado métodos chavistas para se perpetuar no poder. Afinal, o respeito às regras do jogo, se não por convicção, por frio cálculo de custo-benefício, acabou se revelando uma sacada de mestre.

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    Apostando pesadamente na capacidade de colocar o seu imenso patrimônio de popularidade para se fazer suceder por seja lá quem tivesse indicado, Lula foi para o tudo ou nada ao escolher, primeiro, uma mulher; segundo, que nunca antes havia enfrentado a servidão de competir pelo voto popular; terceiro, cujo nome (para não falar do sobrenome) era ignorado pela esmagadora maioria do eleitorado; e quarto, como logo ficou claro, uma tecnocrata sem o mais remoto vestígio de carisma, muito menos de naturalidade no uso do idioma falado no dia a dia do País. Em suma, o avesso do seu padrinho.

    O resto é história. O “poste” Dilma Rousseff, que não sairia do chão sem o arrimo do presidente, dos recursos de poder do Planalto e de uma máquina de marketing de indiscutível competência, subiu a rampa no primeiro dia de 2011 e tudo tem feito, a exemplo do que fizera o mentor, para repetir a cena na mesma data de 2015. Só que o “tudo” não parece dar para o gasto. Embora os seus índices de aprovação venham se recuperando gradativamente depois de duas quedas acachapantes (uma, por causa do surto de alta do preço da comida; outra, por efeito indireto dos protestos de junho), praticamente se esfumou a previsão fundamentada em sucessivas pesquisas que davam Dilma reeleita já no primeiro turno.

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    Mesmo nos tempos fartos, porém, a demanda reprimida pelo “volta, Lula” conquistava posições não apenas no PT, mas entre parlamentares, empresários e porta-vozes de diversos grupos de interesse, soberanamente ignorados pela “presidenta”. A tal ponto que, além de dar-lhe conselhos de bons modos políticos que ela relutava em atender, porque contrariavam o seu senso de onipotência, Lula foi obrigado a tomar uma iniciativa de que viria a se arrepender, antecipando o lançamento da recandidatura da afilhada em fevereiro passado, a 19 meses do pleito. Dilma, ao que se comenta, já consegue ser afável com seus interlocutores estratégicos e também ouvi-los, em vez de submetê-los ao suplício de seus monólogos.

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    Mas o quadro eleitoral é incerto. Um terço do eleitorado ainda não tem candidato. Quantos eles serão tampouco se sabe: Serra concorrerá pelo PPS? Marina irá para a peleja sem a Rede a ampará-la? E, ainda que Dilma leve parcialmente a melhor no primeiro turno, não é improvável a formação de uma frente única em torno do segundo mais votado, fazendo da rodada seguinte a “nova eleição” de que os políticos costumam falar – e sabe-se lá com que resultado.

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    É muita dúvida para Lula ficar impassível. Depois de avisar que está “no jogo”, apressou-se a esclarecer que isso não significa que será candidato, mas que agirá como se candidato fosse.

    Em 2010 ele carregava Dilma para cima e para baixo. Agora pretende fazer mais: “Se ela não puder ir para o comício num dia, vou no lugar dela”. “Se ela for para o Sul, eu vou para o Norte. Se ela for para o Nordeste, eu vou para o Sudeste.” O perigo, a cada momento, será a massa gritar “Lula, Lula”, e ele ter de corrigi-la: “Não! É Dilma, Dilma”. Lula será a “metamorfose ambulante” da apadrinhada.

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