Batizada de Operação Bordeaux, em homenagem a uma das regiões produtoras mais famosas e valorizadas da França, uma ação realizada pela Receita Federal nesta quarta, 7, bateu às portas de um dos restaurantes mais badalados de São Paulo, o TUJU (ele é avaliado com duas estrelas no Guia Michelin). Segundo a Receita, “a ação se concentra em um grupo econômico para o qual foi verificada a venda de vinhos de luxo de alto valor, fruto de importação irregular”. Em outros termos, de acordo com a fiscalização, um grande lote de rótulos seria fruto de contrabando. Parte desses vinhos figuravam como a grande atração de dois jantares exclusivos no local, cada um deles para dezessete convidados, com ingressos unitários vendidos a cerca de 15 000 reais, mais 15% de taxa de serviço.
A chegada da Receita gerou o cancelamento imediato dos eventos batizados de “O melhor dos Estados Unidos”. A ideia era justamente destacar a oferta de grandes vinhos, todos eles com avaliações acima da média assinadas pelo célebre crítico Robert Parker. As bebidas harmonizariam com um jantar de dez tempos a cargo do conceituado chef Ivan Ralston. A carga apreendida no local era de responsabilidade da importadora Clarets. O proprietário dessa empresa, Guilherme Lemes, é também um dos sócios do TUJU.
Procurada pela coluna AL VINO, o restaurante comentou o episódio por meio da seguinte nota: “O TUJU esclarece que as 352 garrafas de vinhos apreendidas pela Receita Federal foram regularmente compradas por ele, mediante pagamentos devidamente registrados em sua contabilidade. Os impostos de responsabilidade do TUJU são integral e pontualmente recolhidos. As garrafas foram adquiridas no Brasil do acervo pessoal de um dos sócios do restaurante, que também figura no quadro societário de uma importadora de vinhos. Parte das garrafas era destinada a uma degustação privada da referida importadora, sendo que o TUJU havia sido apenas contratado para operacionalizar tal jantar, que foi cancelado em virtude do ocorrido”.
A Receita Federal, no entanto, fala de uma carga muito maior enquanto objeto da operação. De acordo com o órgão, a Operação Bordeaux “vinhos com rótulos com indícios de descaminho são vendidos por até R$ 100 mil. A expectativa é que as apreensões sejam da ordem de 4 mil garrafas de vinho, representando R$ 6 milhões em valor de mercado”. Além da perda das mercadorias apreendidas, os responsáveis serão processados pelo crime de descaminho e outros correlatos, de acordo com a Receita Federal.