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AL VINO

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As novidades, tendências e delícias do mundo do vinho sem um gole de “enochatismo”. Marianne Piemonte é jornalista, sommelière e empresária do mercado de vinhos.
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O inacreditável sucesso do maior falsificador de vinhos do mundo

Está de volta ao mercado o indonésio Rudy Kurniawan, que já ficou preso por sete anos por esse tipo de crime

Por Marianne Piemonte
Atualizado em 9 Maio 2024, 20h10 - Publicado em 10 nov 2023, 18h37
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  • Depois de amargar sete anos na cadeia, Rudy Kurniawan, o mais célebre falsificador de vinhos do mundo, está de volta ao batente, ciceroneando jantares nos quais seus produtos fakes são as estrelas da noite. Entre outros crimes, ele ficou conhecido e acabou condenado por fraudar cerca de 12 mil garrafas e vendê-las em leilões amealhando 30 milhões de dólares (valor estimado pelo FBI). Outra falcatrua dele envolveu passar a perna em bancos para ganhar um empréstimo de 7 milhões de dólares penhorando rótulos da sua adega que eram tão autênticos quanto um Romanee-Conti embalado em garrafa de Cidra Cereser.

    No caso de Kurniawan, a má fama, por incrível que pareça, ajudou nos negócios. No passado, ele enganava clientes do eixo Los Angeles-Nova York com suas picaretagens etílicas. Agora, todo mundo sabe do truque — e paga caro por isso! Milionários de Singapura abrem suas adegas e deixam importantes rótulos à disposição do “alquimista” para que ele possa fazer sua mágica. Sim, isso mesmo. Os pagantes desembolsam dinheiro para ver Kurniawan ao vivo em ação, criando na hora imitações dos rótulos mais famosos. É a versão em vinhos do famoso “engana, que eu gosto!”. 

    Os jantares são realizados no Pines Club, uma associação restrita a pouco sócios, onde os seletos participantes são convidados a degustar às cegas vinhos originais e as criações de Kurniawan. Entre originais e versões estão rótulos como 1990 DCR Romanée-Conti, 1990 Petrus, 1990 Domaine Jacques-Frederic Mugnier Le Musigny e 1982 Château Cheval Blanc. 

    O mais surpreendente é que nas fichas de degustação de dois desses jantares é que a maioria dos convidados preferiu os vinhos falsificados, por serem mais frescos. Algumas das anotações inclusive reverenciam o agora assumido picareta. “Aqui estamos nós, mesmo cenário, um pequeno grupo de sete pessoas para experimentar novamente a magia do conhecimento, imaginação e arte de Rudy. E concluímos: o sr. Rudy Kurniawan é um gênio vínico”, elogiou uma das pessoas que esteve em um encontro recente. 

    A volta de Kurniawan ao mercado depois da temporada de terroir penitenciário foi  uma descoberta da americana Maureen Downey, consultora especialista em fraudes de vinhos que atua para as grandes casas de leilão. Downey é velha conhecida de Rudy: foi ela quem ajudou o FBI a desvendar as falsificações que levaram o indonésio para a prisão. “Se no início do milênio as pessoas não sabiam que estavam sendo enganadas, hoje elas pagam alto e sabem que os vinhos são falsos”, disse a especialista ao site inglês Wine-Searcher.

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    Ela também afirma que a nova dinâmica da degustação não é considerada ilegal. “Qualquer um de nós pode misturar um Cabernet Sauvignon com Merlot e dizer que é uma tentativa de duplicar o Lafite-Rothschild. Desde que todos estejam cientes da brincadeira e que o vinho não seja vendido como um original”, afirma Downey. Toda a inacreditável saga de Rudy Kurniawan está registrada no documentário Sour Grapes, lançado pela Netflix, em 2016.

    Pelo jeito, em breve, teremos uma nova temporada do programa.

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