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Um ano depois, Fukushima continua insegura

Os técnicos que trabalham na usina ainda não conseguiram medir com exatidão os riscos do reator. A limpeza da planta nuclear pode demorar mais de 40 anos

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h43 - Publicado em 11 mar 2012, 07h51

Um ano depois do terremoto submarino de magnitude 9 e do tsunami que devastou a costa nordeste do Japão, no dia 11 de março de 2011, o país contabiliza mais de 15.000 mortos e 340.000 refugiados. A economia também sentiu os efeitos da tragédia e registrou um inédito déficit de 5,4 bilhões de dólares. Em um país conhecido pela precisão e perfeccionismo, Fukushima permanece sendo um grande sinal de incerteza.

Relatos mostram que os técnicos que trabalham em Fukushima ainda não conseguiram medir com exatidão os riscos do reator. A limpeza da planta nuclear pode demorar cerca de 40 anos.

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Engenheiros e eletricistas estão entre as 3.600 pessoas que trabalham no local todos os dias. Pelo menos 167 pessoas já não podem trabalhar em usinas nucleares, pois a exposição à radiação superou os 100 millisieverts (Sievert (Sv) é a unidade usada para medir os efeitos biológicos da radiação. Saiba mais aqui) .

Apesar do discurso oficial, a planta no centro do desastre nuclear está longe de ser segura. A Tepco (Tokyo Electric Power), que administra a central Fukushima Daiichi, e o governo japonês dizem que os reatores afetados pelo tsunami estão todos em um “estado de desligamento frio” e estão ansiosos para passar a impressão de que resta apenas fazer a limpeza do local. Eles reconhecem que o trabalho deve durar algumas décadas, mas mesmo assim insistem em dizer que a situação está sob controle.

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Contudo, as pessoas que passam seus dias dentro da usina enxergam a situação de outra forma. “Eu posso dizer claramente que não é nada seguro”, diz um técnico de 50 anos que trabalha no sistema de refrigeração da usina desde setembro. Ele não quis ser identificado por medo de perder os 8.000 ienes (cerca de 100 dólares) que recebe de salário por dia. “Existem muitos pontos onde os níveis de radiação são extremamente elevados”, afirma.

No auge do verão, com o termômetro marcando 38ºC, os trabalhadores ficavam até três horas sem água, pois eram impedidos de tirar suas máscaras. Um subempreiteiro de 60 anos teve uma parada cardíaca fatal em maio de 2011. O caso foi relacionado ao excesso de trabalho, de acordo com um inspetor de normas de trabalho, embora a Tepco não tenha feito declaração sobre exposição à radiação.

Chie Hosoda, porta-voz da empresa, admite que as condições da usina eram inaceitáveis ​​no passado, pois a exposição à radiação de alguns trabalhadores não era mensurada por falta de dosímetros. “As condições de trabalho melhoraram e agora estamos verificando cuidadosamente a exposição à radiação”, disse Hosoda.

Futuro incerto – Um ano depois de serem obrigados a deixar suas residências após a catástrofe nuclear de Fukishima, dezenas de milhares de refugiados ainda enfrentam um futuro de incertezas, sem saber quando ou se poderão retornar para casa. Alguns que fugiram das nuvens radioativas expelidas pelos reatores após a passagem do tsunami podem ser autorizados a retornar dentro de alguns anos, quando as localidades forem descontaminadas. No entanto, outros correm o risco de esperar décadas, pois algumas cidades se tornaram inabitáveis.

Doze meses depois do desastre, poucos refugiados receberam as indenizações esperadas da Tepco. Cerca de dois milhões de pessoas deveriam recebê-las, entre elas, os expulsos de uma área de 20 quilômetros ao redor da central. Os advogados das vítimas acusam a Tepco de avaliação abaixo do correto no momento de compensar os bens – terrenos e residências – agora invendáveis dentro da zona de exclusão.

Além da devolução dos gastos ocasionados pela saída forçada, a operadora oferece um subsídio por “sofrimentos mentais” de 120.000 ienes mensais (1 500 dólares), mas exige que os beneficiários renovem a demanda a cada três meses por meio de um processo longo e complexo.

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Outra catástrofe – Um ano após o desastre, cientistas japoneses advertem para o risco de que um novo sismo abale Tóquio, um perigo com probabilidade de ocorrência perto dos 50% nos próximos quatro anos.

Desde o terremoto submarino de magnitude 9 e do tsunami que o seguiu, a atividade sísmica se intensificou no arquipélago, situado na confluência de quatro placas tectônicas.

A probabilidade de um terremoto de magnitude superior a 7 na cidade varia, segundo os cientistas. É impossível fazer uma previsão, mas o perigo é real.

Em 1923, Tóquio foi destruída por um poderoso terremoto de magnitude 7,9 que deixou 142.800 mortos.

(Com Agência France-Presse)

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