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Quem somos nós? O bóson de Higgs, um pouco mais de espanto e vertigem

Por Por Sandra LACUT
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h31 - Publicado em 4 jul 2012, 16h56

A descoberta do que seria o bóson de Higgs não terá tanto impacto quanto a revolução de Galileu sobre o pensamento humano, mas ajudará a explicar a questão das origens, de acordo com dois filósofos entrevistado pela AFP.

“É um momento emocionante para a física, mas eu acho que esta descoberta não é comparável à de Galileu”, acredita o filósofo e astrofísico Hubert Reeves. “Ela não terá um impacto sobre todo o pensamento humano, como a de Galileu”, um forte defensor da teoria heliocêntrica, que foi condenado pela Igreja Católica por causa de suas descobertas científicas.

“Galileu ficou conhecido por mudar a ideia ocidental que se tinha do mundo, houve uma revolução”, concorda Jacques Arnould, teólogo responsável pela missão ética do CNES (Centre National de Estudos Espaciais).

No entanto, a nova descoberta é um elemento adicional para a compreensão do que seria a origem da nossa realidade contemporânea, o universo em sua composição atual e sua história. “E isso é enorme!”, ressalta.

“Foi assim que se construiu a pesquisa de Galileu, com investigação e questionamento”.

A descoberta do famoso bóson, se confirmada, acrescenta Reeves, “não modificará realmente a nossa compreensão do mundo. Ela confirma o que já temos de conhecimento, e isso já é muito”.

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Do ponto de vista filosófico, ela “traz um acréscimo para dois sentimentos que são constantemente reforçados e renovados no público em geral: o espanto e a vertigem”, afirma Jacques Arnould.

Ele explica: “Surpreendentemente, a cada vez que nos são dados alguns elementos da realidade observada e os meios utilizados, tomamos consciência da complexidade da realidade e do compromisso humano para saber o que somos e de onde viemos, e ficamos maravilhados”.

“O cimento original”

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“Vertigem também. Pensamos nos Infinitos de Pascal, que são assustadores: eles falam sobre a constituição da matéria que conseguimos observar, a mesma que foi formada nos primeiros instantes do universo, o cimento original “.

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“Muitos de nós sabemos muito bem que o que acontece no nível do infinitamente pequeno ou do infinitamente grande. Mesmo distantes da nossa medida, fazem parte de nós”, acrescenta.

Diante dessa “vertigem” metafísica, várias atitudes são possíveis, acredita o teólogo: “pode-se dizer que as nossas ações não têm importância nenhuma quando se fala em bilhões de anos, que estamos perdidos e sem chão. Ou podemos, em vez disso, questionar com orgulho e responsabilidade o porquê de nossa singularidade como ser humano pensante, que tem uma consciência de si mesmo e quer conhecer”.

Ainda assim, ele conclui, “toda a dimensão da escolha humana é construída coletivamente e individualmente. Isso levanta a questão da origem dos seres humanos e de Deu. Algumas pessoas se recusam, enquanto outras não. Estamos em uma abordagem pessoal”.

“Nós não estamos nem mais perto nem mais longe de Deus do que ontem. Estamos em tempos extraordinários em termos de construção de um conhecimento coletivo sobre o que nos constitui, em que pela primeira vez não fazemos guerra”, declara.

“O conhecimento não pode impor nada a qualquer crença pessoal e vice-versa, senão chegamos à mistura da qual Galileu é um triste exemplo”.

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