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Pesquisadores revelam interior de sarcófagos de animais egípcios

Cientistas do Museu Britânico examinaram urnas de forma não invasiva, com a ajuda da tomografia de nêutrons

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 abr 2023, 14h57 - Publicado em 20 abr 2023, 14h14

Pesquisadores do Museu Britânico descobriram o conteúdo de seis caixões egípcios selados. A descoberta traz novas camadas sobre o que conhecemos do processo de mumificação e da relação dos antigos egípcios com os animais. Como o interior não podia ser examinado diretamente, os cientistas optaram pela tomografia de nêutrons, uma técnica não invasiva de obtenção de imagens, mais potente que o raio-x, já que esse último não funcionou muito bem nesse caso. 

A mumificação de animais era uma prática relativamente difundida no Egito antigo. Pesquisas anteriores sugerem que certos animais eram considerados reencarnações físicas de divindades, enquanto outros poderiam ser entregues como oferendas para agradar aos deuses ou serem usados para outros fins em cerimônias ritualísticas. “No primeiro milênio a.C, os lagartos eram comumente mumificados no antigo Egito, assim como outros répteis, gatos, cães, falcões, íbis, musaranhos, peixes… deuses como Atum e, talvez, no caso de Naukratis, com Amon-Ra Shena”, diz Aurélia Masson‑Berghoff, curadora de projetos do Museu Britânico e uma das autoras do artigo. “Com a ajuda de imagens de nêutrons, temos o potencial de aprender mais sobre os rituais e práticas votivas que cercam esses caixões de animais, outrora impenetráveis, as formas como foram feitos, usados ​​e exibidos.”

Pesquisadores britânicos espiaram dentro de seis antigos caixões de animais egípcios selados
Pesquisadores britânicos espiaram dentro de seis antigos caixões de animais egípcios selados – (British Museum/Divulgação)

Os seis caixões são feitos de compostos de cobre, e é raro que itens desse tipo permaneçam lacrados após milhares de anos. Três deles foram encontrados na cidade de Naukratis e são ornados com figuras de lagartos e enguias, datando de períodos entre 500 e 300 a.C. Outros dois caixões são encobertos com figuras de seres híbridos, metade enguia e metade cobra, com cabeças humanas. Um último sarcófago foi descoberto na antiga cidade de Tell el-Yehudiyeh, e foi produzido entre 664 a 332 a.C, sendo decorado com a figura de um lagarto. 

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A tomografia de nêutrons realizada nos recipientes identificou ossos em três caixões, incluindo um crânio intacto com dimensões semelhantes às de um grupo de lagartos, além de evidências de ossos quebrados em outros dois caixões. Eles também identificaram o que se presume ser linho, o que pode indicar que os animais foram enrolados antes de serem colocados nos recipientes, em um processo semelhante ao da mumificação. 

Fragmentos de chumbo foram encontrados em alguns sarcófagos, e podem ter sido usados para distribuir o peso. Em dois deles, é possível que a substância tenha sido usada para reparar pequenas avarias. Os autores especulam que o metal pode ter sido selecionado devido ao seu status de substância mágica no Egito, onde era usado em feitiços de amor. Alguns caixões eram ornados com laços, que os pesquisadores acreditam terem sido usados para suspender os itens em santuários ou paredes de templos, ou para carregá-los em procissões. “Este é um trabalho fascinante, usando imagens de nêutrons para olhar dentro de recipientes de animais de liga de cobre selados e estudar o processo de fabricação sem danificar o artefato. O resultado demonstra o poder da imagem de nêutrons e a forma como ela complementa a tomografia de raios-X em tais estudos”, sintetiza o professor Roger Eccleston, do Conselho de Instalações Científicas e Tecnológicas (STFC, na sigla em inglês), do Reino Unido. 

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