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Os animais robôs criados pela tecnologia

Ao replicarem vantagens naturais desenvolvidas em 3,8 bilhões de anos, cientistas criam máquinas que parecem saídas de filmes de ficção científica

Por Filipe Vilicic e Gustavo Simon
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h27 - Publicado em 23 set 2012, 18h38

Correr quase três vezes mais rápido do que o jamaicano Usain Bolt, o homem mais veloz da história. Camuflar-se perfeitamente em uma selva. Carregar 180 quilos nas costas sem incômodo. Parecem poderes de seres de ficção científica. São características típicas dos robôs da cidade futurista do clássico Do Androids Dream of Electric Sheep? (em inglês, Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?), do escritor Philip K. Dick — inspiração para o filme Blade Runner. Mas atenção: esses poderes são bem reais, fruto do leque de vantagens evolutivas desenvolvidas por animais ao longo de 3,8 bilhões de anos. Desde o surgimento do primeiro ser vivo, uma microscópica bactéria, o planeta é um laboratório no qual fósseis de espécies extintas representam os testes malsucedidos e os sobreviventes são os resultados que superaram as provas impostas pela natureza. O ser humano, desde os primórdios, maravilha-se com essas adaptações, que concederam a capacidade de voo a aves e a habilidade de respirar embaixo da água a peixes. Mais que isso, esforça-se para emulá-las em experimentos que impulsionam o avanço tecnológico. Na última década, a imitação da natureza atingiu níveis surpreendentes em robôs que espelham os benefícios que a evolução concedeu, versões mecânicas de guepardos, cachorros e pássaros que em breve estarão em nosso dia a dia.

O intelecto humano ambiciona copiar a natureza desde a origem do homem moderno, há 200.000 anos, no sul da África. A primeira casa de barro arquitetada por um de nossos ancestrais imitava o ninho construído por pássaros em árvores. Escreveu a cientista Janine Benyus em seu livro Biomimética – Inovação Inspirada pela Natureza: “A natureza tem sido pacientemente aperfeiçoada no decorrer de milênios. A vida aprendeu a voar, navegar pelo globo, sobreviver no fundo dos oceanos e no topo das montanhas. Tudo o que sempre quisemos fazer. Que melhor modelo poderia haver?”. O termo biomimética foi cunhado pelo engenheiro americano Otto Schmitt na década de 50. Ele o utilizou pela primeira vez para explicar sua pesquisa de doutorado, na qual criou um mecanismo elétrico que imita o sistema nervoso de lulas. A palavra se popularizou e a imitação da mecânica do corpo de animais virou um campo à parte da engenharia e da biologia. A biomimética agora conquista maior destaque por apresentar réplicas cada vez mais exatas de animais que são foco de admiração.

Entre os robôs-animais há duas estrelas: o BigDog (em inglês, grande cão) e o Cheetah (na tradução, guepardo). Ambos foram desenvolvidos no Boston Dynamics, o principal laboratório de robôs do mundo, financiado pelo governo americano. Apresentado pela primeira vez em 2005, o BigDog imita a estrutura muscular de um cachorro — assemelha-se a um buldogue. Foi desenhado para transportar cargas pesadas. Demonstrada há um ano, sua mais recente versão, o AlphaDog, tem 1 metro de altura, suporta 180 quilos e caminha a 7 quilômetros por hora. O Cheetah, exibido em 2011, é um robô que emula o movimento de um guepardo. Neste mês, em um teste feito em uma esteira, o animal mecânico atingiu 45 quilômetros por hora — recorde entre robôs. “Quando criamos, só temos um universo como inspiração, o da natureza. Sua excelência serve de base para qualquer invento”, disse a VEJA o engenheiro sul-coreano Sangbae Kim, chefe do laboratório de biomimetismo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e colaborador do Boston Dynamics. “Durante milênios se batalhou para imitar o que a natureza apresenta de melhor com a ambição de suprir a necessidade humana de alcançar velocidade e força cada vez mais magníficas.” Os novos passos da ciência levam a tecnologia a ultrapassar o estágio da emulação e superar os limites biológicos — máquinas correm e voam, mas não se cansam nem adoecem ou morrem.

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