“Vocês roubaram meus sonhos e minha infância (…). Está tudo errado.” O desabafo, que enrijecia o rosto delicado de uma jovem de 16 anos, foi disparado pela estudante sueca Greta Thunberg, hoje o nome mais conhecido do ativismo ambiental, durante a Cúpula do Clima, um evento da ONU realizado em Nova York na segunda-feira 23. O recado tinha como alvo os líderes mundiais que continuam não dando a mínima para a saúde do planeta, mas, pelo modo como Greta olha para Donald Trump, na foto ao lado, fica claro que ele era o principal destinatário da indignação.
Ambos estiveram a poucos passos um do outro. Trump questiona o que Greta defende: o dado científico de que o aquecimento global, causado pela atividade humana, está destruindo a Terra. No Twitter, o presidente americano ironizou a menina, dizendo tratar-se de “uma jovem muito feliz, ansiosa por um futuro brilhante e maravilhoso”.
Ela respondeu também ironicamente e, na sua pequena biografia nas redes sociais, trocou temporariamente o que se lia antes, “ativista pelo clima com 16 anos e síndrome de Asperger”, pela frase de Trump, “Greta Thunberg, uma jovem muito feliz, ansiosa por um futuro brilhante e maravilhoso”.
Dois dias depois do penetrante olhar, a ONU divulgou um novo relatório preocupante em relação ao meio ambiente: na última década, o nível do mar subiu 2,5 vezes mais rápido do que no século XX. Se nada for feito, até 2100 ele alcançará uma elevação de 1 metro, o suficiente para obrigar milhões de pessoas em regiões costeiras a abandonar suas casas. Como Greta disse a VEJA, em entrevista para as Páginas Amarelas, em julho: “Os adultos são os responsáveis pelo fardo que ficou para nós”.
Publicado em VEJA de 2 de outubro de 2019, edição nº 2654