Nanopartículas podem impedir progressão do Alzheimer
Pesquisador mostra que nanotetraedros conseguem agir de forma eficiente contra a perda de conexão entre neurônios e a atrofia cerebral
Nanopartículas estão entre as principais promessas da medicina e da tecnologia. Com dimensão igual ou menor do que cem nanômetros – um fio de cabelo tem trinta a cem mil nanômetros -, elas são capazes de atuar de diferentes maneiras conforme sua composição, tamanho e formato. Podem chegar a lugares onde outras drogas não conseguem e exibir interessantes propriedades para o estudo dos mundos macro e microscópico. Seguindo esta corrente, pesquisadores da Universidade de Michigan, nos EUA, mostram que elas também podem ser uma arma potente contra a doença de Alzheimer.
Um dos sintomas da doença, degenerativa, é o acúmulo de placas formadas por proteínas beta-amiloide, que se instalam a partir do tronco cerebral em regiões associadas à memória. Em nível molecular, este acúmulo leva à perda de conexão entre neurônios e à atrofia cerebral. Até hoje, a maior parte das terapias para a doença se baseia em drogas que conseguem se ligar a estas proteínas “tóxicas”, inibindo sua atividade e, como consequência, desacelerando a progressão da doença.
Nanotetraedros, no entanto, podem ser mais úteis. De acordo com o engenheiro químico Nicholas Kotov, professor da universidade, compostos tridimensionais inorgânicos com formato de pirâmide podem se ligar às proteínas amiloides, que formam a placa no cérebro, afetando sua estrutura. Resultado: o emaranhado de placas que atrapalha a comunicação entre as células nervosas, os neurônios, não pode mais aumentar.
A grande vantagem desta técnica é que, enquanto um medicamento convencional contra o Alzheimer atua sobre proteínas individuais que compõem o aglomerado, nanotetraedros podem abarcar ao menos cem – tornando o tratamento muito mais potente -, adquirindo a mesma capacidade que algumas proteínas do nosso próprio organismo têm de lutar contra a doença neurodegenerativa.
Para esta pesquisa, os cientistas usaram o telureto de cádmio. Mas para que o método seja colocado em prática, outros compostos terão de ser testados. O cádmio é um elemento tão tóxico quanto o mercúrio. Uma vez que nanopartículas circulam pela corrente sanguínea, o cádmio pode penetrar membranas do corpo e contaminar, por exemplo, o cérebro ou os pulmões. Um artigo sobre este trabalho, que teve a colaboração da Korea Research Foundation, aparece no periódico Angewandte Chemie.
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