A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva voltou a criticar, nesta segunda-feira, o debate sobre a chamada economia verde, uma das bandeiras da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.a saída do TedxRio+20, onde discursou para um auditório com 800 pessoas, a ambientalista voltou a defender a preferência pelo termo “desenvolvimento sustentável”, apontado por ela como mais abrangente.
“É uma perda de tempo discutir a cor da economia, quando deveríamos estar discutindo o modelo de desenvolvimento de que o Brasil e o mundo precisam”, afirmou Marina, para justificar em seguida: “O desenvolvimento sustentável é mais abrangente e é ele que deve prevalecer, porque vai além da dimensão ecnômica e social, incorporando os aspectos ambiental, cultural, político, ético e estético”.
Marina aproveitou para reivindicar uma maior presença da ecologia na pauta da Rio+20, fazendo coro a vozes como a do embaixador Rubens Ricupero. “É um erro separar economia da ecologia e fazer um evento dessa magnitude discutindo economia verde, governança e desigualdade social sem falar de meio ambiente. É um paradoxo porque, há 20 anos, essa conferência aconteceu pautada pela ciência para dar respostas à opinião pública internacional sobre os graves problemas ambientais apontados pelos cientistas”, argumentou.
Durante sua palestra, Marina recorreu a uma metáfora sobre arco e flecha na hora de fazer um apelo para que o povo brasileiro pressione as lideranças políticas e empresariais a adotarem medidas alinhadas com o desenvolvimento sustentável.
“Sinto que há uma ação muito refratária das lideranças políticas. Por outro lado, há uma ação proativa da sociedade como nunca tivemos. Hoje, a opinião pública está na posição de arco para empurrar as lideranças para o alvo do desenvolvimento sustentável”, disse Marina.
Marina defendeu ainda que a opinião pública rejeite propostas que considerem a redução das expectativas para o cumprimento das metas. “Não há como baixar as expectativas se os problemas não diminuíram”, afirmou.
FH e Lula – A ex-ministra lembrou ainda que as políticas ambientais são, na sua maioria, de longo prazo, o que entra em confronto com a visão de curto prazo dos políticos do Brasil e do mundo.
“Esse é o tempo das políticas de longo prazo, mesmo no curto prazo dos políticos. Não importa se é do PT, PSDB ou quem quer que seja”, alertou.
Atualmente sem partido político, Marina Silva listou os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula como fontes de inspiração, ao lado de nomes como Chico Mendes e Darcy Ribeiro. Ela também criticou a postura tanto da oposição quanto do governo.
“O Brasil e o mundo não precisam de quem é oposição por oposição, nem situação por situação. O Brasil precisa é de posição”, afirmou.
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