Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Mais de um terço da floresta amazônica sofre com degradação, diz estudo

Uma das soluções propostas pelos autores pode ser a criação de um sistema de monitoramento integrado, a exemplo do que se faz com o desmatamento

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 26 jan 2023, 16h00

Assinado por 35 cientistas de instituições brasileiras e estrangeiras, um artigo publicado nesta quinta-feira, 26, na revista Science, mostra que o processo de degradação da floresta amazônica é bem maior do que se imaginava. Segundo o levantamento, cerca de 38% do que resta da área de mata sofre com algum tipo de perda, o que provoca tanto ou mais emissões de carbono quanto o desmatamento.

Antes de tudo, é preciso entender as diferenças de conceito. Os autores definem degradação como mudanças causadas por humanos nas condições da floresta, sejam elas transitórias ou a longo prazo. Já o desmatamento envolve mudanças na cobertura do solo, quando o terreno perde a condição de floresta.

No estudo, os cientistas fizeram uma análise de dados científicos baseados em imagens de satélite e dados do chão já publicados anteriormente sobre mudanças na região amazônica entre 2001 e 2018. O período de 2019 a 2022 ficou de fora por que ainda não há informações disponíveis para as quatro principais perturbações estudadas: fogo na floresta, efeito de borda (as mudanças que acontecem em áreas de floresta ao lado das áreas desmatadas), extração seletiva (como desmatamento ilegal) e secas extremas.

Além dos efeitos sobre o clima e das perdas de biodiversidade, os cientistas dizem que a degradação da Amazônia tem impactos socioeconômicos significativos. “A degradação favorece poucos, mas leva fardos a muitos”, disse a VEJA David Lapola, pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), da Unicamp, e líder do estudo. “Infelizmente, quantificar as perdas econômicas tanto em âmbito local como regional e global ainda é uma lacuna a ser preenchida.”

Em uma projeção para 2050, os quatro fatores de degradação continuarão sendo as principais fontes de emissão de carbono na atmosfera, independentemente do crescimento ou da mitigação completa do desmatamento. É preciso sobretudo um dialogo de instituições científicas com instâncias do governo para implementar um sistema que possa monitorar essas perdas, a exemplo do que se faz tão bem com desmatamento.

Continua após a publicidade

Coibir o uso do fogo e extração ilegal de madeira também ajudaria. “Mas há um papel a ser desempenhado pelos outros países do mundo, cortando suas emissões de gases efeito estufa, pois do contrario, mesmo que o Brasil e os demais países amazônicos façam a sua parte, a floresta será degradada do mesmo jeito por secas extremas”, disse Lapola.

Uma das sugestões é o conceito de “smart forests” que, assim como na ideia de “smart cities” (cidades inteligentes), usaria diferentes tipos de tecnologias e de sensores para coletar dados úteis a fim de melhorar a qualidade do ambiente. “Uma iniciativa já existente usa celulares dentro da floresta em pontos estratégicos para detectar sons estranhos, como os de motosserra”, completa o pesquisador.

O trabalho é fruto do projeto AIMES (Analysis, Integration and Modelling of the Earth System), ligado à iniciativa internacional Future Earth, que reúne cientistas e pesquisadores que estudam a sustentabilidade. Algumas das instituições envolvidas são Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (IPAM), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Universidade de Lancaster, do Reino Unido.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.