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Laboratório Genera revela ancestralidade genética de parte dos brasileiros

Levantamento não corresponde ao de toda população, mas dá indícios do processo de miscigenação

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 Maio 2023, 14h46 - Publicado em 24 mar 2023, 19h27

Um levantamento disponibilizado pelo laboratório de genética Genera, feito com base em exames realizados por 200 mil pessoas, revelou as principais ascendências da população brasileira. No grupo analisado,  a ancestralidade média foi 72% europeia, 11% africana e 6,5% oriunda de populações originárias americanas.

Os resultados são referentes ao conjunto de brasileiros que pagaram pelos exames e, por isso, não representam toda a população. “É uma base de dados recortada, com um certo viés”, afirma o médico mestre em genômica humana e cofundador da Genera, Ricardo di Lazzaro Filho. “Mas pelo volume ser tão grande, a gente viu uma similaridade bem importante com a ancestralidade de estudos científicos da população do município de São Paulo, por exemplo”.

A comparação com uma revisão científica brasileira mostra que, enquanto a estimativa de ascendência europeia está ligeiramente superestimada (68,1%), as ancestralidades africana e americana foram subestimadas pelo levantamento e representam, na verdade, 19,6% e 11,6%, respectivamente.

O doutor em genética da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, Celso Teixeira Mendes Junior, explica que isso pode ser justificado pelas diferenças sociodemográficas entre a amostra e a população brasileira: as camadas economicamente desfavorecidas certamente tiveram menor acesso ao teste, assim como habitantes das regiões Norte e Nordeste encontram-se sub-representados na amostra.

Embora não represente com exatidão a ascendência de toda a população, os dados podem ser valiosos para alguns grupos. Quando chegaram ao Brasil, durante a colonização europeia, os negros escravizados tiveram seus documentos apagados e, por isso, seus descendentes não sabem de que países são originários. De acordo com o levantamento, a maior parte da ancestralidade africana vem do Golfo da Guiné e da África Ocidental, enquanto uma minoria descende de países da África Oriental.

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A ascendência europeia, como esperado, tem como principais representantes os países Ibéricos, seguidos imediatamente pela Europa ocidental, pela Itália, pelos Bálcãs e, na retaguarda, pela Sardenha. Ancestralidades asiáticas, médio-orientais e judaicas também apareceram no levantamento.

“Um insight que é muito legal, meu favorito, é que grande parte dos brasileiros carrega em suas células DNA que vem de todos os continentes do mundo. A gente talvez seja um dos únicos povos que tenha isso”, comenta di Lazzaro.

O estudo reflete também uma parte menos glamourosa do nosso processo de colonização. Olhando para componentes celulares específicos, o teste consegue diferenciar ancestralidades paternas e maternas da população. Enquanto a parte herdada dos pais é majoritariamente europeia, os elementos recebidos das mães são principalmente indígenas e africanos. Segundo Teixeira, a explicação é que, durante a ocupação europeia, a maior parte dos imigrantes eram homens que, aqui, se reproduziram com mulheres nativas e cativas, enquanto indígenas e africanos do sexo masculino foram, em grande parte, mortos e escravizados. As consequências não ficaram registradas apenas nas páginas dos livros.

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