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Inteligência artificial desvenda mistério de manuscrito do Mar Morto

Software analisa escrita de pergaminho de mais de 2000 anos e descobre que ele foi redigido por duas pessoas distintas

Por Sergio Figueiredo Atualizado em 23 abr 2021, 12h36 - Publicado em 23 abr 2021, 12h30

Desde que os primeiros manuscritos do Mar Morto foram descobertos em 1947 nas cavernas de Qumran, no deserto da Judeia, a cerca de 45 quilômetros de Jerusalém, pedaços de pergaminhos e papiros, genuínos e falsificados, têm aparecido de tempos em tempos na região, descortinando aos poucos uma saga arqueológica que remonta ao século XIX, conforme reportagem de VEJA de 7 de abril de 2021. Desta vez, porém, a maior revelação não vem das escavações, mas de um software de IA (inteligência artificial) que analisou o mais completo dos manuscritos trazidos à luz: o Livro de Isaías, cuja reprodução se encontra no Santuário do Livro, no Museu de Jerusalém.

Comparando caractere por caractere no documento hebraico, a IA foi capaz de fazer o que os olhos humanos provavelmente não conseguiriam: detectou uma ligeira mudança de padrão na escrita em determinado ponto do documento, comprovando que outro escriba assumiu a tarefa de transcrever as palavras de Isaías, um dos profetas do Velho Testamento bíblico que teria vivido 2700 anos atrás.

O Livro de Isaías é o mais importante manuscrito do Mar Morto, não só pelo período em que foi escrito (por volta do ano zero da era cristã), mas principalmente porque ele é o único encontrado completo, com seus sete metros de extensão razoavelmente intactos. Muitos outros registros ficaram em pedaços com o passar dos séculos, alguns sendo reduzidos a picotes do tamanho de uma unha, sendo hoje peças de um gigantesco e ainda desmontado quebra-cabeça.

O que os pesquisadores conseguiram agora usando IA abre caminho para avanços que eram inimagináveis anos atrás, como a leitura tridimensional de pergaminhos que nem mesmo podem ser desenrolados sem serem irremediavelmente destruídos. Com novas tecnologias digitais espera-se também aumentar a velocidade de reconstrução de outros documentos encontrados na região.

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Ao contrário do papiro, feito da planta que lhe empresta o nome, os pergaminhos eram feitos a partir da pele de animais mortos ou abatidos, por meio de uma técnica ancestral de secagem que transforma couro em superfície adequada à escrita. Os cientistas esperam descobrir de que animal se originou a matéria-prima de cada um dos manuscritos para saber se foram fabricados na Judeia ou importados de outra região, o que é mais provável.

Apesar de todas as revelações recém-divulgadas, uma dúvida ainda causa celeuma entre historiadores: qual tribo teria escrito os manuscritos das cavernas de Qumran. Dissidentes de Jerusalém com os quais Jesus Cristo teria convivido? Refugiados das invasões romanas? Hebreus nômades? Talvez respostas absolutas nunca sejam obtidas, nem mesmo com a inteligência artificial.

 

 

 

 

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