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Fósseis de peixes do Saara datam do início da vida pastoral humana

Pesquisadores descobrem no deserto resquícios de diversas espécies, o que permitirá conhecer melhor uma fase da história

Por Sabrina Brito Atualizado em 21 fev 2020, 10h12 - Publicado em 21 fev 2020, 06h00

Sol, calor e areia, areia e areia. Com certeza, essa é a primeira ideia que vem à mente quando alguém pensa no Saara, o maior deserto quente do planeta, com seus mais de 9 milhões de quilômetros quadrados, o equivalente a 37 vezes o tamanho do Estado de São Paulo. O surpreendente é que nem sempre ele foi assim. Um estudo publicado na quarta-feira 19 no periódico científico americano Plos One deixou claro que, entre 10 000 e 15 000 anos atrás, aquela área contava com uma ampla rede hidrográfica, onde nadavam diversas espécies de peixe.

A pesquisa, resultado de uma parceria do Museu de História Natural da Bélgica com a Universidade Sapienza de Roma e outras instituições europeias, concentrou-se em Takarkori, no sudoeste da Líbia. Lá os cientistas encontraram 17 500 fósseis — 80% deles eram de peixes, 19% de mamíferos e 1% de aves, répteis, moluscos e anfíbios. Resquícios de peixes já haviam sido descobertos em 2019 no Saara. Contudo, para além da abundância de agora, o novo estudo se reveste de importância porque “o material encontrado data dos primeiros tempos da vida pastoral humana”, conforme explicou a VEJA o arqueólogo italiano Savino di Lernia, um dos autores do trabalho. Segundo o pesquisador, os fósseis eram de sobras alimentares de seres humanos, o que permite conhecer melhor os hábitos destes no momento em que se tornaram sedentários.

A pergunta inevitável a esta altura é: como foi que uma região tomada pelas águas se transformou em um território de dunas? A resposta está em uma soma de circunstâncias. O lugar onde o Saara se situa é marcado pela alternância entre períodos de umidade e de aridez. Há cerca de 5 000 anos, tal transição se deu de forma abrupta. Não se sabe o porquê. Os cientistas acreditam ainda em algum tipo de participação do homem no processo de desertificação do Saara.

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Nos últimos anos, aquela área inóspita tem sido fértil em revelações históricas. Em 2011, um grupo de pesquisadores ingleses descobriu uma civilização que lá ergueu algumas cidades entre 1 e 500 d.C. A nova pesquisa representa um avanço para o esclarecimento do passado da Terra e da humanidade — que tem na África um capítulo incontornável. Não por acaso, no livro The Shadow of the Sun (1998), sobre o continente, o jornalista, escritor e historiador polonês Ryszard Kapuscinski (1932-2007) observou: “A África é um verdadeiro oceano, um planeta separado, um cosmo variado e imensamente rico”.

Publicado em VEJA de 26 de fevereiro de 2020, edição nº 2675

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