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Estudo mostra como os cães se tornaram pets

Pesquisadores avaliaram teses concorrentes e as descobertas podem influir no modo como se interpreta a teoria evolutiva

Por Marília Monitchele
22 mar 2023, 19h09

Os humanos têm uma longa história de domesticação de plantas e animais. É um processo milenar que resultou em uma boa dose de fofura em nossos pets. Charles Darwin foi o primeiro a notar que animais domesticados compartilham certas características. Eles podem ter orelhas caídas, rabos enrolados e uma afeição muito mais acentuada por seus amigos humanos. Em geral, também têm dentes menores, mandíbulas mais salientes e procriam com mais frequência, quando comparados a seus ancestrais selvagens. Esse conjunto de mudanças é conhecido como “síndrome da domesticação”.

Embora a razão para esse fenômeno ainda não esteja clara, uma teoria popular defende que quando os humanos cruzaram animais selvagens mais mansos podem, inconscientemente, ter selecionado indivíduos com glândulas adrenais subdesenvolvidas. Essas glândulas são responsáveis ​​pela resposta de “luta ou fuga”, de modo que os animais com glândulas menores têm menos medo dos humanos. As células-tronco do embrião que vão formar as glândulas suprarrenais também se desenvolvem em células pigmentares e em partes do crânio, mandíbula, dentes e orelhas. Por isso, a síndrome da domesticação pode, na verdade, ser um efeito colateral acidental do cruzamento de animais mansos.

Nos últimos anos, alguns cientistas têm levantado questionamentos sobre a validade desta teoria e os mecanismos propostos para explicá-la. Pesquisadores da Australian National University avaliaram respostas científicas concorrentes para a teoria e as descobertas podem ampliar a compreensão que temos sobre os efeitos da domesticação animal e influir no modo como interpretamos a teoria evolutiva. Os cientistas muitas vezes assumem que a seleção para a domesticação, por si só, resultou no surgimento dessas características, mas o estudo demonstra que não existiu uma via única de seleção.

O ambiente “doméstico” ofereceu a esses animais acesso facilitado a alimentos, diminuiu a competição natural por parceiros, facilitando a reprodução, e os protegeu de predadores. Essas modificações no habitat levaram a mudanças no metabolismo e impactaram no crescimento, transformando algumas características e comportamentos.

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O estudo reverbera em compreensões mais amplas da teoria da evolução, porque a síndrome da domesticação, surpreendentemente, não se restringe apenas aos animais domésticos. Ela também é relativamente frequente em animais selvagens, sobretudo em subpopulações isoladas, como aquelas restritas a ilhas ou ambientes estremados. Os humanos, inclusive, apresentam traços desta síndrome. Nesses casos, alguns cientistas argumentam que esses animais se “autodomesticaram”, sugerindo que os mesmos processos que ocorrem na domesticação também devem acontecer na natureza.

Os autores destacam algumas maneiras pelas quais a seleção evolutiva é frequentemente alterada quando os animais selvagens são domesticados. Elas envolvem fatores como competição masculina e estresse materno. A nova explicação para a “síndrome da domesticação” foi chamada de “hipótese da interrupção reprodutiva”. Isso porque as influências seletivas listadas pelos cientistas mantêm importantes funções e comportamentos reprodutivos na maioria das espécies animais.

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