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Estudo indica que formigas podem ser treinadas para diagnosticar câncer

Os insetos foram capazes de diferenciar urina de ratos saudáveis e doentes e têm potencial de atuar como biodetectores de tumor

Por Marilia Monitchele
27 jan 2023, 19h21

Com altas taxas de mortalidade, o câncer é uma preocupação global, e há um consenso na comunidade científica acerca da função central do diagnóstico precoce para que não haja evolução para casos mais graves. Os métodos de detecção precoce, porém, costumam ser invasivos ou caros. Mas e se ao invés da mamografia, colonoscopia e ressonância magnética, o exame pudesse ser feito com animais treinados para detectar o odor de células cancerígenas? Uma pesquisa feita na França planeja testar a viabilidade de treinar insetos para identificar cânceres pela urina.

As células tumorais, devido ao seu metabolismo, liberam compostos orgânicos voláteis que alguns animais com olfato mais sensível conseguem detectar. Os cães, por exemplo, já foram usados para esse propósito e se mostraram capazes de perceber alterações a partir de odores. Um estudo mais recente, no entanto, buscou testar as habilidades das formigas nesse tipo de atividade. Embora as formigas não tenham narizes, elas têm um olfato altamente apurado graças às antenas no topo de suas cabeças.

No estudo, publicado no periódico científico The Royal Society, os pesquisadores transplantaram em camundongos tumores de câncer de mama humanos particularmente agressivos. A urina de camundongos cancerosos foi exposta a 35 formigas da espécie Formica fusca, condicionadas a associar o odor a uma recompensa açucarada.

Em outra etapa da pesquisa, as formigas foram expostas à urina de ratos doentes e saudáveis, e passaram aproximadamente 20% mais tempo em torno da urina dos ratos com câncer, mesmo sem o estímulo do açúcar. Isso sugere que as formigas eram capazes de perceber diferenças nos odores das duas amostras e foram bisbilhotar o xixi de ratos doentes buscando pelas recompensas associadas.

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Os cientistas acreditam que os insetos são ferramentas promissoras de diagnóstico inicial, pois são pequenos, fáceis de manusear, com baixo custo de manutenção e alta disponibilidade. Além disso, as formigas farejadoras foram relativamente fáceis de treinar. Na espécie usada, uma tentativa de treinamento foi suficiente para formar uma memória de longo prazo.

Após o período de treinamento, os insetos permaneceram eficientes, mesmo sem recompensas, e conseguiram detectar odores cancerosos até nove vezes antes que as respostas começassem a declinar. Os resultados iniciais, portanto, são promissores e indicam que formigas detectam de forma confiável sinais de tumor e têm, por isso, o potencial de atuar como biodetectores competentes e baratos.

Apesar da boa notícia, é importante destacar que essa forma de diagnóstico ainda está longe de ser incorporada aos serviços de saúde. Isso porque o diagnóstico em seres humanos tende a ser muito mais complexo e estudos específicos são necessários. Pacientes humanos são mais diversos, diferente dos camundongos usados no estudo, que eram da mesma linhagem e estavam submetidos ao mesmo tipo de dieta. O sexo, a idade, a dieta e outros fatores tornam os odores humanos menos homogêneos, fazendo com que formigas tenham mais dificuldades de farejar células cancerosas. Novas rodadas de estudo também devem investigar se as formigas treinadas para identificar um único tipo de câncer (o de mama), podem ampliar essa capacidade para outros tipos de tumores.

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