Estuda aponta como produtores de combustíveis podem compensar emissões
Pesquisadores defendem que produtores de petróleo e derivados devem ser obrigados a compensar o carbono gerado pelo uso de combustíveis fósseis
Um estudo publicado no periódico científico Environmental Research Letters argumenta que empresas que lucram com a comercialização de combustíveis fósseis deveriam ser forçadas a remover a poluição gerada por seus produtos da atmosfera. De acordo com os pesquisadores, essa seria a solução mais barata e justa para a crise climática.
Os cientistas defendem que o princípio da responsabilidade estendida do produtor, uma ferramenta frequentemente usada em muitos países para lidar com efeitos negativos da produção de alguns produtos, deve alcançar as indústrias de petróleo, gás e carvão. A ideia de que um produtor de produtos poluentes deve pagar por sua limpeza não é, portanto, uma novidade. Mas nunca foi aplicada à crise climática.
Para resolver o problema, os autores sugerem o uso de tecnologias capazes de capturar o dióxido de carbono da atmosfera e enterrá-lo no solo, sendo essa uma estratégia de descarbonização viável e econômica. Os produtores de petróleo e derivados deveriam ser incentivados a investir nesse tipo de sistema e ter a captura de gases nocivos como condição para continuarem operando.
Assim, diante da obrigação de compensação de carbono, os combustíveis fósseis extraídos ou importados seriam neutralizados pelo armazenamento subterrâneo de uma quantidade de dióxido de carbono equivalente à gerada pelo uso desses produtos. Se esse tipo de política fosse amplamente adotada, os autores esperam que 100% das emissões sejam compensadas até 2050, atingindo a ambiciosa meta, fixada no Acordo de Paris, de zerar as emissões líquidas de carbono.
A técnica defendida pelos cientistas, no entanto, ainda demanda aprimoramentos tecnológicos que permitam sua aplicação em larga escala. Atualmente, a maior instalação de captação de dióxido de carbono da atmosfera no mundo, administrada pela empresa suíça Climeworks, remove em um ano o que a humanidade emite em alguns segundos, mas há cenários mais otimistas. No ano passado, a Occidental Petroleum, gigante do setor, anunciou planos para construir até 2024 um projeto desse tipo com capacidade de absorver um milhão de toneladas de carbono anualmente.
Apesar da estratégia oferecida pelos autores ser atualmente custosa e insuficiente, eles argumentam que o que falta não é capacidade tecnológica, mas vontade política de aplicar esse tipo de método, que consideram mais eficiente e barato no longo prazo, além de poupar a biosfera da função de compensar o carbono.