No dia 13 de junho, um grupo de pesquisadores reunidos em um campo de futebol em Ontario, Canadá, conseguiu uma proeza da engenharia. O time – que se reúne sob o nome de AeroVelo – montou um helicóptero movido a propulsão humana que, pela primeira vez na história, conseguiu alçar voo de forma sustentada. A habilidade foi reconhecida pela Associação Americana de Helicópteros na última quinta-feira, que concedeu ao grupo um prêmio de 250.000 dólares pela façanha inédita.
O prêmio Sikorsky foi criado em 1980 pela associação e estava destinado a quem conseguisse construir o primeiro helicóptero movido a propulsão humana, cumprindo uma série de requisitos técnicos. A máquina deveria ser capaz de permanecer mais de um minuto no ar e atingir uma altura de três metros – tudo isso sem escapar de uma área de 10×10 metros. Até agora, mais de 30 anos depois, muito times haviam tentado atingir os parâmetros, mas nenhum havia obtido sucesso.
A AreoVelo é formada por um grupo de engenheiros ligados à Universidade de Toronto, no Canadá. O primeiro projeto desenvolvido pelo time foi, em 2010, um também inédito ornitóptero: uma aeronave que usa propulsão humana para voar a partir do bater de suas asas, como uma ave.
Os engenheiros trabalharam no desenvolvimento do helicóptero desde maio de 2012, tendo conseguido financiar o projeto por meio do crowdfunding. A aeronave construída recebeu o nome de Atlas e, no dia 13 de junho, finalmente alçou voo. Ela permaneceu 64,11 segundos no ar, atingindo uma altura de 3,3 metros e se deslocando por 9,8 metros – atingindo todos os requisitos necessários para ganhar o prêmio. “Nós sempre estivemos muito confiantes de que seríamos capazes de ganhar o prêmio. A cada passo, percebíamos que o desafio era mais difícil do que pensávamos, mas fomos capazes de superar as dificuldades”, diz Todd Reichert, pesquisador da AeroVelo e piloto do helicóptero.
Segundo os pesquisadores, o Atlas é movido apenas pela propulsão humana – mais precisamente pelas pedaladas de Todd Reichert -, sem nenhuma capacidade de armazenar outro tipo de energia. As quatro hélices estão arranjadas na forma de um quadrado, conectadas por fios e treliças ao quadro de bicicleta no centro. “O projeto ofereceu uma rara oportunidade de trabalhar com engenharia de ponta, em um projeto incrivelmente desafiador e cativante. Nos momentos em que a paixão e a ciência se encontram é que encontramos as descobertas mais inovadoras”, afirma Reichert.