Koshik é um elefante asiático macho, criado no Zoológico Everland, na Coreia do Sul. Ali, ele passou sozinho seus primeiros cincos anos de vida – os anos mais importantes para o desenvolvimento do animal. Como não tinha a companhia de nenhum outro elefante, tentou se aproximar dos homens. Para isso, Koshik aprendeu a imitar a fala humana, “pronunciando” palavras em coreano que são imediatamente entendidas por aqueles que conhecem a língua. A capacidade do animal foi relatada na edição desta quinta-feira da revista Current Biology.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: An Asian Elephant Imitates Human Speech
Onde foi divulgada: revista Current Biology
Quem fez: Angela Stoeger, Daniel Mietchen, Sukhun Oh, Shermin de Silva,
Instituição: Universidade de Viena, na Áustria
Dados de amostragem: Um elefante asiático macho, criado em um zoológico da Coreia do Sul, capaz de copiar a fala humana ao produzir sons com a tromba dentro da boca
Resultado: Para provar que o animal realmente estava copiando sons humanos, os pesquisadores forneceram gravações dos sons produzidos pelo animal para falantes do coreano. Todos concordaram sobre o significado das palavras, incluindo sua ortografia.
O elefante consegue imitar a vocalização humana ao produzir sons com a tromba dentro de sua boca. Seu vocabulário se restringe a cinco palavras: olá (“annyong”, em coreano), sente-se (“anja”), não (“aniya”), deite-se (“nuo”) e bom (“choah”). “A fala humana tem basicamente dois aspectos importantes: a afinação e o timbre”, diz Angela Stoeger, pesquisadora da Universidade de Viena, na Áustria, e autora do estudo. “O elefante foi capaz de copiar tanto padrões do timbre quanto da afinação no tom de voz de seus treinadores. Isso é incrível, considerando seu enorme tamanho, o grande trato vocal e outras diferenças anatômicas entre os elefantes e os humanos.”
Uma análise estrutural da fala do animal não revelou apenas semelhanças com a voz humana, mas também diferenças com o som produzido pelos outros elefantes. Para provar que Koshik realmente estava falando coreano, os pesquisadores juntaram falantes da língua e pediram para que eles escrevessem o que ouviam a partir de gravações dos sons produzidos pelo animal. “Nós encontramos uma grande concordância sobre o significado geral das palavras, inclusive sobre sua ortografia”, diz Stoeger. A pesquisadora destaca, no entanto, que é provável que o elefante não saiba o significado do que está dizendo.
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Aprendendo a falar – Os elefantes possuem tromba em vez de lábios, e uma laringe muito grande, que só é capaz de produzir sons graves. Mesmo assim, Koshik é capaz de copiar o tom e outras características das falas de seus treinadores. Segundo os pesquisadores, as habilidades linguísticas do animal devem fornecer informações sobre a biologia e a evolução do aprendizado vocal, uma habilidade crítica para os humanos e outros animais.
Não é a primeira vez que um elefante aprende a vocalizar sons diferentes. Elefantes africanos já se mostraram capazes de imitar o barulho de motores, e um elefante asiático preso em um zoológico no Cazaquistão ficou conhecido por dizer palavras em russo e cazaque.
No caso de Koshik, os pesquisadores não sabem exatamente porque ele adaptou seu comportamento vocal, mas sugerem que foi por causa de sua infância solitária. “Nós acreditamos que ele começou a adaptar sua vocalização aos companheiros humanos para reforçar sua filiação social”, diz Stoeger. A pesquisa ajuda a provar que o aprendizado vocal pode ajudar a cimentar os laços sociais – mesmo que seja entre espécies diferentes.
Veja no vídeo abaixo o elefante “falando” coreano:
http:https://www.youtube.com/embed/24FD2Rtjb0U