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Como os rituais de sacrifício humano podem ter ajudado a manter o status social

De acordo com novo estudo, afogamentos, enforcamentos, esquartejamentos e outras técnicas de sacrifício humano contribuíram para a criação e manutenção das sociedades complexas e estratificadas em que vivemos

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 15h57 - Publicado em 5 abr 2016, 20h53

Longos e dolorosos rituais de sacrifício humano tiveram um papel fundamental na construção e manutenção de sociedades rigidamente estratificadas ao longo da história. De acordo com estudo publicado nesta segunda-feira na revista científica Nature, quanto mais igualitário era um grupo, menor a probabilidade de que alguém fosse imolado em sacrifício para manter a ordem social; quanto mais rígida e estratificada a comunidade, maiores as chances de uma pessoa, normalmente de classe baixa, ser escolhida como vítima. O sacrifício, que incluía rituais como enforcamentos, esquartejamentos, espancamentos, mortes em fogueiras, decapitações e esmagamentos, seria um meio utilizado por nossos ancestrais para estabilizar e conservar a hierarquia e o status social.

Essa ideia, conhecida como Hipótese do Controle Social, tornou-se popular no fim dos anos 1990, com estudos de sacrifícios humanos em culturas americanas. O sacrifício humano – o assassinato deliberado de um indivíduo com o objetivo de agradar ou aplacar a ira de seres sobrenaturais – ocorreu em diversas sociedades humanas, como a alemã, árabe, turca, americana, africana, chinesa e japonesa. Há, contudo, muitas dúvidas sobre o que motivou esse ritual tão difundido entre os humanos.

O novo estudo, liderado por Joseph Watts, da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, testou a Hipótese do Controle Social analisando 93 culturas tradicionais provenientes dos austronésios (civilização pré-histórica que habitou grande parte do Índico e Pacífico, em locais como Taiwan, Madagascar, Polinésia e Nova Zelândia e conhecida pelos pesquisadores como uma excelente amostra por ter uma ampla diversidade ambiental e cultural). As estruturas sociais desses povos variavam entre pequenas sociedades igualitárias, baseadas em parentesco, até grandes e complexas sociedades políticas como a havaiana.

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As crenças religiosas, assim como as estruturas sociais, eram bastante diversas, mas tinham o sacrifício humano como algo em comum: 43% das culturas estudadas apresentaram essas técnicas, que incluíam métodos complexos como ser lançado da janela de uma casa e, em seguida, decapitado ou ser esmagado por uma canoa recém-construída.

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Das 93 sociedades estudadas, 20 eram igualitárias e delas, apenas 5 praticavam o sacrifício humano. Das 27 sociedades rigidamente estratificadas, 18 delas praticavam o sacrifício de humanos, notadamente o de pessoas de classes baixas. De acordo com os pesquisadores, os dados confirmam a Hipótese, trazendo “evidências de modelos em que o sacrifício humano estabiliza a estratificação social, após ela ter surgido”, afirmam os autores no estudo.

Novas sociedades – Segundo os pesquisadores, a maior parte das culturas provenientes dos austronésios sobrepunha crenças religiosas à política, uma vez que algumas sociedades acreditavam que seus líderes eram descendentes de deuses. Para tornar-se um ritual, o sacrifício precisa ser religiosamente motivado.

“O nosso estudo sugere que os rituais de matança auxiliaram na transição dos pequenos grupos igualitários de nossos ancestrais para as sociedades complexas e estratificadas em que vivemos hoje”, explicaram os neozelandeses no estudo.

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(Da redação)

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