Cientistas descobriram que machos de uma espécie de aranha amarram suas parceiras para não serem devorados após o sexo e aumentar as chances de inseminação. A pesquisa, publicada recentemente na revista Biology Letters, da Royal Society, indica que a espécie Pisaurina mira é um dos 30 tipos de aranhas em que o macho amarra a fêmea antes de copular.
Como explicam os pesquisadores americanos, é comum que a fêmea se alimente do macho após o sexo para ingerir nutrientes necessários para a gestação dos filhotes, e, em alguns casos, o próprio macho se sacrifica em função da companheira. Essas espécies, no entanto, amarram as companheiras, aumentando o tempo de cópula, melhorando as chances de engravidar a fêmea e garantindo a sobrevivência.
O estudo, feito por Alissa Anderson e Elieen Hebets, da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Nebraska, mostrou que, como as aranhas fêmeas são normalmente mais agressivas e maiores que os machos, elas também podem se alimentar dos companheiros antes mesmo da cópula, vendo-o mais como alimento do que como um “amante”. Ao estudar o comportamento sexual desses aracnídeos, a dupla descobriu que a Pisaurina, espécie de jardim, é uma grande fã do véu da noiva – expressão usada para o comportamento do macho de amarrar as patas da companheira com uma rede feita com teia.
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Os especialistas foram a Nebraska e Flórida para encontrar diversas representantes da espécie e trazê-las ao laboratório para observar melhor o comportamento dos aracnídeos. A dupla impediu metade das aranhas de amarrar suas companheiras, cobrindo o órgão que libera a teia com um tipo de silicone. O que eles descobriram foi que os machos que não conseguiram amarrar as fêmeas tinham uma tendência muito maior de serem devorados pelas aranhas. Enquanto isso, os que conseguiam aplicar o véu da noiva inseminaram a fêmea duas vezes, aumentando suas chances de ter filhotes. Além disso, os machos conseguiram fugir ilesos.
Também existe a possibilidade do véu funcionar como uma espécie de estimulante para a aranha: o macho pode liberar hormônios na teia que prende a companheira, o que faz com que ela o ache mais atrativo do que o faria normalmente, conforme explica a especialista Caroline Scott – que não participou do estudo -, da Universidade de Toronto, à National Geographic.
Mesmo que o véu da noiva das aranhas não seja uma completa novidade, as pesquisas sobre o sexo dos aracnídeos ainda precisam ser aprofundadas. “Existe mais de 45.000 espécies de aranha no mundo e o comportamento sexual da maioria delas nunca foi estudado”, disse Scott.
(Da redação)