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Como as decisões da Igreja medieval ainda impactam o Ocidente

Estudo indica que, por exemplo, a tendência ao individualismo e à preferência por relações amorosas com estranhos podem vir da Idade Média

Por Sabrina Brito Atualizado em 7 nov 2019, 19h19 - Publicado em 7 nov 2019, 18h08
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  • De acordo com um estudo publicado hoje (7) na revista científica Science, as ações e a conduta da Igreja Católica durante a Idade Média (476-1492) influenciam o comportamento de europeus ocidentais até hoje, sobretudo no que diz respeito ao casamento e às estruturas familiares. Durante o período medieval, a Igreja era a maior detentora de terras no Ocidente, configurando-se como uma das grandes autoridades de seu tempo.

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    Segundo a pesquisa, realizada por cientistas das universidades de Toronto (Canadá), George Mason e Harvard (as duas últimas, dos EUA), os principais resultados psicológicos dessa influência são o grande individualismo, o baixo grau de conformismo e os altos índices de confiança em estranhos dentro da população europeia ocidental. Essas sociedades, que costumam ser denominadas “WEIRD” (sigla em inglês para ocidentais, educadas, industrializadas, ricas e democráticas), tendem a apresentar comportamentos solidários e obedientes para com o outro, afirmam os cientistas. Em contraposição, os relacionamentos intrafamiliares podem ser fracos, em comparação com outros coletivos.

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    A teoria defendida no artigo é a de que alguns ideais ligados aos conceitos de casamento e de família, como pregados pela Igreja durante a Idade Média, como a proibição do incesto, resultaram em uma dissolução de laços familiares, impactando as demais relações interpessoais. A diminuição do número de matrimônios entre primos é um dos indicadores em que os pesquisadores se apoiarem para formular a tese, uma vez que este confirma a teoria de que o banimento do incesto fez com que famílias abrissem mão de certos tipos de relações.

    Ainda de acordo com o estudo, esses decretos da Igreja fizeram com que grande parte da população WEIRD substituísse os relacionamentos estreitos que até então tinham com seus parentes, por núcleos familiares menores e mais independentes. Esse tipo de comportamento teria, posteriormente, sido transmitido aos descendentes desses povos, que, consequentemente, se tornaram mais individualistas e mais propensos a se relacionarem com completos estranhos.

    Vale lembrar que os descendentes dessas sociedades foram os responsáveis por invadir e colonizar a América do Norte e do Sul entre os séculos XIV e XVIII. Assim, pode-se afirmar que o estilo de vida decorrente da obsessão da Igreja com o banimento do incesto transformou o modo de vida dos portugueses, dos ingleses e de franceses, mas também dos norte-americanos e dos brasileiros, por exemplo.

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