É uma imagem comum. No meio de uma savana ensolarada, um ou mais elefantes balançam as orelhas ou se aproximam para tocar os outros com as trombas. Estudos já haviam investigado esses movimentos, mas só agora uma pesquisa revela que se tratam mesmo de comportamentos deliberados – e que muitas vezes eles não são nada cheirosos.
O resultado foi revelado nesta quinta-feira, 9, no periódico científico Communications Biology. “As cerimônias de saudação dos elefantes podem parecer caóticas no início, mas mostramos que elas não se comportam aleatoriamente devido à excitação”, diz a autora sênior do artigo, Angela Stoeger, em suas redes sociais.
De acordo com a pesquisa, feita por pesquisadores da Universidade da Áustria em uma reserva na savana africana, os animais de fato usam movimentos da orelha e dos troncos para se cumprimentar, mas os ‘bom-dias’ são acompanhados por liberação de secreções e excrementos em mais de 70% das vezes, sugerindo um papel importante dos cheiros nesse contato social.
As descobertas não param por aí. Os pesquisadores também descobriram que os cumprimentos nem sempre são iguais. Quando há contato visual, abrir as orelhas ou alongar o tronco são mais comuns, mas quando o outro elefante não está olhando, o cumprimento preferencial é através do som, fazendo barulho com a tromba ou batendo as orelhas no pescoço e no tronco.
“Como pesquisas anteriores observaram chimpanzés e outros macacos alterando suas modalidades de gestos de acordo com o fato de estarem sendo observados e combinando vocalizações e gestos, propomos que esses métodos de comunicação podem ter evoluído de forma independente para mediar interações sociais nessas espécies distantemente relacionadas”, diz Stoeger.
Isso significa que o comportamento não foi herdado de um ancestral comum, mas é tão importante evolutivamente que acabou aparecendo nos dois grupos em pontos diferentes da evolução, o que indica o quão importante é a socialização para a sobrevivência.