O governo brasileiro multou nesta segunda-feira a companhia de petróleo americana Chevron em 50 milhões de reais (cerca de 28 milhões de dólares) pelo vazamento de petróleo na costa do Rio de Janeiro, situação que o gabinete de Recursos Energéticos do Departamento de Estado americano acompanha com “grande preocupação”.
O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, informou em entrevista coletiva à imprensa, no Rio de Janeiro, que a multa aplicada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) pode aumentar com a indenização que será exigida pelo estado do Rio.
“O volume (total da multa) pode chegar a 100 milhões” de reais (US$ 56 milhões de dólares), afirmou o secretário.
Mais cedo, Minc havia alertado que a Chevron poderia, inclusive, perder “o direito de participar de licitações de exploração durante cinco anos”.
“O Rio não será cenário de impunidade” para crimes ambientais, disse o secretário. “Subestimaram a pressão excessiva ao lado de uma fissura (…). Este acidente poderia ter sido evitado”, afirmou Minc, acrescentando que “outro erro é que não conseguiram evitar o vazamento”.
O vazamento foi anunciado em 9 de novembro em um poço de perfuração a 1.200 metros de profundidade, perto do Campo do Frade, 370 km a nordeste da costa do Rio de Janeiro.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), entre 5.000 e 8.000 barris de petróleo vazaram para o mar, embora a Chevron afirme que o vazamento seria de 2.400 barris.
Logo após o anúncio da multa, o recém-nomeado chefe do gabinete de Recursos Energéticos do Departamento de Estado americano, Carlos Pascual, afirmou que os Estados Unidos compartilham com o Brasil uma “grande preocupação” com o vazamento.
“É um incidente de grande preocupação e tem que nos preocupar aqui também, nos Estados Unidos, em vista da experiência que vivenciamos” com o desastre ecológico de abril de 2010 no Golfo do México, afirmou Pascual durante mesa redonda com correspondentes estrangeiros.
No entanto, “constatamos que há companhias que protagonizaram acidentes internacionais e que continuam sendo respeitadas nos mercados internacionais, graças à sua habilidade e capacidade”, acrescentou.
O acidente no Golfo do México, no qual uma plataforma ‘off-shore’ da companhia britânica BP explodiu, provocou 11 mortos e o vazamento de milhões de litros de petróleo para o mar durante quatro meses até o poço ser definitivamente fechado.
“Temos trabalhado com outros países para trocar experiência e informação” acumuladas durante esse episódio, afirmou Pascual.
Ex-embaixador no México e atual Enviado Especial para Assuntos Energéticos do governo americano, Pascual apresentou à imprensa o gabinete anunciado pela secretária de Estado, Hillary Clinton, em outubro passado.
O gabinete centralizará a diplomacia do setor nos Estados Unidos, país que em 2010 passou a ser o segundo consumidor de energia do mundo, atrás da China.