O canto dos pássaros sofre alterações significativas sob o efeito do álcool, revelou uma pesquisa publicada no periódico científico Plos One. O estudo, feito por cientistas da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon (Estados Unidos) com pássaros da espécie mandarim, mostrou que quando os animais atingem uma concentração de 0,08% de álcool no sangue passam a cantar de forma mais calma, desorganizada e menos ritmada, de forma semelhante ao que acontece com a fala humana sob o efeito de bebida alcoólica na mesma concentração.
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CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Drinking Songs: Alcohol Effects on Learned Song of Zebra Finches
Onde foi divulgada: periódico Plos One
Quem fez: Christopher R. Olson, Devin C. Owen, Andrey E. Ryabinin, Claudio V. Mello
Instituição: Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, EUA
Resultado: Os pesquisadores adicionaram álcool ao suco dado a pássaros e descobriram que seu canto é alterado sob o efeito da bebida, tornando-se mais calmo e caótico
O objetivo dos cientistas ao “embebedar” os pássaros é compreender de que maneira a linguagem humana é afetada pelo álcool, algo ainda não compreendido com clareza pela ciência. Os mandarins são uma espécie conhecida por aprender a cantar por meio de circuitos neuronais análogos aos usados pelos homens quando começam a falar. Eles possuem os mesmos genes que nós para a fala e, portanto, seu canto espelha os mecanismos neuronais da fala humana.
Canto calmo e desorganizado – Para desenvolver a pesquisa, os cientistas misturaram álcool ao suco dado aos pássaros, até que a concentração atingisse 0,08% no sangue dos animais – semelhante ao permitido a motoristas em alguns países (no Brasil, a taxa legalmente aceita é de 6 decigramas por litro de sangue). Eles gravaram os cantos das aves com e sem a bebida e perceberam que, assim que o álcool era metabolizado, o canto se alterava.
“Os efeitos mais marcantes foram a diminuição da amplitude das notas musicais e aumento da entropia”, afirmam os pesquisadores no estudo. Ou seja, as frases melódicas se tornaram mais tranquilas e caóticas, efeito parecido com a fala humana “enrolada” sob o efeito do álcool. No entanto, nem todas as partes da canção foram igualmente afetadas, sugerindo que a bebida afeta mais alguns circuitos ligados ao canto que outros.